Sem Casino no conselho e mais membros independentes: a nova cara do Assaí

A rede de atacarejo Assaí (ASAI3) vai ganhar uma nova cara. Em uma teleconferência de quase uma hora nesta terça-feira, 4, o CEO, Belmiro Gomes, e a diretora executiva de gente e sustentabilidade, Sandra Vicari, se dedicaram a explicar essa a proposta da administração para que a companhia passe a ser uma corporation, zerando a presença do ex-controlador Casino no conselho e melhorando a governança.

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Tudo isso depende da aprovação dos acionistas na assembleia geral ordinária, a ser realizada no próximo dia 27, junto com tema que pode encontrar maior resistência: a revisão da remuneração global em 32% para o ano de 2022 e um pagamento total de R$ 101 milhões.

A necessidade de recursos fez o grupo francês Casino reduzir sua participação no multiplicador de caixa que a operação do Assaí. Em duas ofertas secundárias de ações, o grupo passou de controlador, com 40,9%, para 11,7% do capital social. Com isso, a empresa resolveu propor a mudança de seu perfil para uma corporation, ou seja, uma empresa que não tem um acionista controlador, como já são Lojas Renner (LREN3), CVC (CVCB3) e Vale (VALE3), por exemplo.

Diante disso, a companhia resolveu reformular a formação de seu conselho. Não fica nenhum nome indicado pelo Casino, seguem Belmiro Gomes, Nelson Carvalho e Philippe Alarcon (Alarcon, embora tenha sido indicado pelo Casino na formação anterior, agora vem como indicação de Belmiro Gomes).

Outros seis foram selecionados num processo que avaliou cerca de 60 candidatos. Assim, o conselho de nove integrantes passa a ter sete membros independentes (incluindo Nelson Carvalho): Andiara Petterle, Leila Loria, Julio Cesar Campos, Leonardo Pereira, José Monforte e Oscar de Paula Bernardes Neto. Os dois últimos são indicados a vice-presidente e presidente do conselho, respectivamente. “É uma grande renovação de conselho que acreditamos que vai acontecer de forma pacífica e tranquila”, disse Belmiro.

Para escolha, explicou Sandra, foram definidos critérios como competências em ESG, inovação, governança corporativa, conhecimento em empresas de capital aberto, gestão de pessoas, além de gestão de cadeia de varejo entre outros. O objetivo, disse a diretora, era tornar esse conselho mais completo em competências do a formação anterior.

Correção da remuneração de 2022 e novo plano para 2023

Para além da nova formação, o Assaí está propondo novo modelo de remuneração e a retificação do valor pago em 2022, dois temas que são no mínimo mais espinhosos. “A rerratificação segue numa coerência com o que tínhamos feito em 2021”, argumenta Belmiro citando os números de 2022.

A empresa está propondo que o valor pago seja corrigido de R$ 71,8 milhões para R$ 94,9 milhões, com impulso especialmente da remuneração a diretoria, pela superação de metas. Entre elas, lista o CEO, está a abertura de 60 lojas, 8 a mais do que o projetado, além de incremento de R$ 14 bilhões de vendas no ano e um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 3,9 bilhões, uma expansão de 25%, com margem de 7,2%, patamar acima das expectativas.

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“2022 foi um dos anos mais importantes na trajetória do Assaí, com abertura de 60 novas lojas, o maior movimento do tipo do varejo. Conseguimos fazer esse plano de abertura sem sofrer um impacto muito grande de margem e isso veio de um plano de incentivo à expansão que só pôde ser desenhado depois da proposta da assembleia do ano passado”, explicou o executivo.

Agora para 2023, a companhia reformulou seu plano de remuneração. Segundo Belmiro, os planos de remuneração são muito citados como alinhamento do management com interesses dos minoritários em reuniões com esses acionistas. Pelo novo plano, os incentivos de longo prazo ganham mais relevância, respondendo por 38% da remuneração. Os incentivos de curto prazo, com métricas como vendas e Ebitda, respondem por 39% e quem diminui sua participação na remuneração total é o salário base, que passa a ser 23% do total.

“Se aprovado, terá uma parcela maior de incentivos variáveis de longo prazo, levando o time a estar ainda mais alinhado com o desempenho das ações à frente e, portanto, com os interesses dos investidores”, escreveram os analistas do Itaú BBA em relatório divulgado logo depois da publicação da proposta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na semana passada. Para eles, a empresa dá um passo correto em direção a uma melhor governança.

“Viemos evoluindo no modelo de remuneração desde 2021 quando deixamos de ser uma subsidiária do GPA, para incentivar a alta performance e reter os melhores profissionais”, diz a diretora de gente e sustentabilidade. “Conseguimos contemplar dentro da proposta todos os desafios presentes na nossa operação.” Pela proposta, a remuneração da diretoria crescerá 15% de 2022 para 2023 e a do conselho ficará 12% menor, totalizando R$ 101 milhões.

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