Ana Busch: Com o ChatGPT, você abraça o novo ou se afoga no passado

Por Ana Busch*

Na década de 1990 muita gente da minha bolha cansou de varar madrugada se aventurando pelo Netscape, fazendo pesquisa no Altavista ou conversando nas salas de bate-papo. Tinha que ser de madrugada, porque o telefone era mais barato e tinha menos congestionamento nas linhas.

E ainda assim era um sacrifício fazer o modem discado funcionar. Eu era privilegiada: já tinha um computador da Apple – não que isso acelerasse as coisas. Não lembro o modelo, mas eu tinha comprado meu primeiro Macintosh nos anos 80 – aquele caixotinho minúsculo com tela de 12 polegadas, salvo engano, com tela em preto e branco, mas que passava fax!!! Era tecnologia de ponta, e fui seguindo com a marca.

Vivíamos um período estranho, pois ainda tinha gente usando máquinas de escrever na Redação da Folha de S.Paulo, onde eu trabalhava. Enquanto alguns estavam buscando entender o que era aquela rede mundial de computadores (eu me incluo nesse grupo), outros se agarravam às teclas de metal como se fossem tábuas de salvação.

Tudo isso convivendo com telas de fósforo verde das então modernas paginadoras do jornal. O mundo é assim.

Tenho lido as discussões sobre o chatGPT e as demais inteligências artificiais do mesmo tipo sob essa perspectiva. Assim que soube de sua existência, comecei a usar. Por alguma compulsão pela experiência do novo, faço isso com quase tudo. Também comecei a ler avidamente sobre o assunto. E, claro, publicar nesta Bússola.

Quase 30 anos depois do surgimento da internet comercial no Brasil, em 1995, confesso que senti uma certa nostalgia. Ver em funcionamento essa ferramenta ainda rudimentar – considerando tudo ela pode vir a oferecer no futuro – tem sido inspirador. E interagir com o bot, um aprendizado sobre os limites da máquina e os meus.

Principalmente, tem me forçado a um rearranjo sobre minhas formas de edição, de criação de textos, de geração de conteúdo e a racionar sobre a organização das minhas próprias ideias. Pode soar estranho, mas tenho entendido como uma troca e uma relação de complementaridade.

Não adianta criticar, dizer que o bot erra, que está desatualizado, que ainda precisa caminhar muito (tudo verdade). O futuro vai se impondo dessa forma, e você tem que mergulhar antes de tomar um caldo.

O segredo está em furar a onda. Em aprender a encaixar as peças. Nos anos 1990, ninguém imaginava chegar nisso. E ainda assim muita gente se jogou. E deu no que deu.

Cada vez que me vejo pensando nisso, fico feliz pelos minutos que passei ouvindo aquele som inconfundível do modem dos anos 90, fundamental para fazer funcionar o tataravô dos bots. E compartilho com você, leitor, alguns dos textos publicados na Bússola sobre o tema, para que você reflita sobre como fazer parte.

Não tem volta.

 

*Ana Busch é jornalista, diretora de Redação da Bússola e sócia da Tamb Conteúdo Estratégico. Foi diretora da Folha de S.Paulo por mais de 20 anos, fundou a Folha Online e dirigiu áreas com Revistas e Publifolha

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