Cenário econômico e regulação no horizonte podem impulsionar mercado brasileiro de criptomoedas

Por Brianna Kernnan*

O cenário econômico desafiador e o possível resfriamento nos fundos de investimento de capital de risco trazem uma nova oportunidade para as empresas brasileiras adentrarem o ainda inexplorado mercado de criptomoedas. O setor está sob rápida evolução no país e a regulação em um horizonte próximo torna esse mercado mais atrativo para as companhias se moverem em uma nova direção, capturando novos usuários e gerando novas fontes de receita. Entretanto, esse reposicionamento no mercado deve ser feito de forma consciente, para que o crescimento da criptoeconomia e das empresas aconteça de forma sustentável e duradoura.

Quando comparado aos demais países da América Latina, o mercado de criptomoedas do Brasil é mais sofisticado – com mais transferências de tamanho institucional, mais atividade DeFi e menos transações P2P (peer-to-peer). Segundo dados da Chainalysis, mais de US$140 bilhões em criptomoedas foram movimentados no país em 2021.

Além disso, a maior parcela das transações feitas no período se deu em caráter institucional, com volumes acima de US$ 10 milhões. Desse total, mais de 44% foi movimentado por meio de atividades De-Fi. Isso coloca o mercado brasileiro na 14ª posição no ranking Global Crypto Adoption Index e na 17ª colocação no Defi Adoption Index – relatórios também elaborados pela Chainalysis.

Junto a esse crescimento do setor no país, temos observado a participação das fintechs aumentar lentamente. Porém, à medida em que os investimentos esfriam, a competição para ganhar novos clientes neste mercado emergente esquenta. É possível que as fintechs iniciem a oferta de criptomoedas em serviços de pagamentos, transferências e negociações a fim de se diferenciar e capturar novos usuários.

Dado o atual cenário econômico, com altas taxas de juros, provavelmente veremos menos empresas levantando rodadas de investimentos sementes, por isso será extremamente importante para essas companhias lançar novos produtos. Um exemplo disso são as fintechs Nubank, Mercado Pago e Stripe, que recentemente anunciaram serviços com criptomoedas.

Muitos players do mercado financeiro estão construindo equipes internas e estudando o setor para se posicionar e lançar produtos como custódia de ativos digitais, tokenização, mesas de negociação e serviços bancários para empresas de criptomoedas. Bancos internacionais, como norte-americano BNY Mellon, entraram nesse mercado como custodiantes. Porém, a maioria dos bancos tradicionais no Brasil ainda está esperando a promulgação de alguma regulamentação específica para o setor.

Essas instituições querem entender exatamente como podem cumprir quaisquer obrigações regulatórias, para depois definir as estratégias de operação e os recursos que devem ser aplicados. Entretanto, quando falamos do universo da Web3 – termo que engloba toda a remodelagem da internet a partir da tecnologia blockchain -, as possibilidades são infinitas, e qualquer empresa pode traçar um plano com a criptoeconomia. Em breve veremos uma variedade de empresas tradicionais entrando nesse setor.

Essas companhias precisam estar preparadas ao planejar a migração para os criptoativos, levando em consideração fatores como aquisição de infraestrutura técnica, crescimento da equipe e atualização de programas internos de compliance.

Além disso, espera-se que a retenção de talentos, particularmente na área de desenvolvimento e programação, desempenhe um papel importante para quaisquer serviços baseados em criptomoedas que uma empresa possa oferecer. Essas mudanças também podem incluir novas formas de due diligence (diligência prévia), integração e monitoramento de transações.

O mercado de criptomoedas continuará se consolidando nos próximos anos, principalmente com a entrada de exchanges globais no mercado brasileiro, bem como a entrada de grandes players tradicionais do mercado financeiro. Espera-se que empresas que atuam em setores não relacionados às criptomoedas lancem produtos nessa área à medida em que a regulamentação for aprovada e implementada.

No fim das contas, porém, esse quadro depende do cenário global e das tendências que veremos no próximo ano, como o resfriamento de alguns setores da economia e a ascensão de novos mercados.

*Brianna Kernan é LATAM Sales Lead na Chainalysis, empresa de pesquisa especializada em blockchain e criptoativos.

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