CEO da Raia Drogasil: na pandemia, tem coisa que só o Estado pode fazer

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 (Germano Lüders/Exame)

As empresas são o caminho para aceleração da vacinação e o fim da pandemia? Para Marcílio Pousada, CEO da Raia Drogasil, é melhor não misturar certos papeis. 

“Nós, como empresários, adoramos falar que tem que diminuir o poder do estado – mas tem coisa que o estado precisa fazer”, alerta em entrevista para a EXAME. 

Mas isso não quer dizer que o executivo esteja se ausentando de responsabilidade. Marcílio acredita que há um papel importante das empresas para a solução de problemas estruturais do país e na reação contra pandemia. Na sua visão, a crise atual foi um despertar para o empresariado. 

Desde março de 2020, a rede de farmácias já doou R$ 30 milhões para o fundo Todo Cuidado Conta, criado pela própria empresa com ajuda do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) para beneficiar 51 hospitais em 50 cidades de 23 estados e o DF.

Com décadas de prática na sua frente de responsabilidade social, a Raia Drogasil já tinha uma musculatura pronta para a corrida em 2020 para ajudar o setor de saúde no enfrentamento da pandemia.  Com a nova onda da pandemia em 2021, a empresa fez um novo aporte para os hospitais e começou a atuar em nova frente para solucionar a crise: a da vacina.

Neste mês, a RD doou R$ 5 milhões para o movimento Unidos pela Vacina. A doação vai ajudar na frente do movimento que auxílio prefeituras a aparelhar o SUS. Ainda assim, tudo tem seu limite. O CEO não fala em compras vacinas, mas em auxiliar os estados e municípios na execução do Plano Nacional de Imunização.

Em fevereiro, a companhia doou R$ 2 milhões para o Instituto Butantan e sua nova fábrica de vacinas. Em março, eles firmaram uma parceria inédita com a Prefeitura de São Paulo para oferecer gratuitamente o espaço de 17 unidades da Drogasil e da Droga Raia para a vacinação.

Neste momento em que a pandemia atinge recordes de mortes no Brasil, o papel das empresas e do empresariado tem sido colocado em discussão. Até onde vai a responsabilidade social? Como reação à crise pela qual vivemos, diversos nomes têm se articulado para ajudar o poder público a combater a pandemia. Estas principais iniciativas são o tema da reportagem de capa deste mês da EXAME.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista do CEO da Raia Drogasil, Marcílio Pousada, à EXAME.

Como a Raia Drogasil enxerga seu papel na responsabilidade social? 

A Raia Drogasil sempre atuou com muita força perto da sociedade. Temos uma visão clara que parte do valor gerado com o negócio. As revistas que vendemos nas lojas, e que têm mais circulação hoje no país, são a Sorria e a Todos. Toda a arrecadação de venda das revistas é revertida para ajuda de saúde no Brasil inteiro. A empresa sempre foi muito atuante de como poder ajudar a sociedade com os desafios que aparecem.

Quando começou a pandemia, a gente já tinha isso na cabeça e dividimos em três grandes blocos de ação. Criamos um programa para ajudar nossos funcionários; um para cuidar dos nossos clientes, com protocolo; e o terceiro é como cuidar da sociedade. Nesse momento, criamos o fundo e fizemos a doação de R$ 25 milhões.

E como foi a atuação na pandemia?

Atuar no país não é fácil. Os trâmites burocráticos são difíceis, o andar do processo não é fácil… Nós colocamos um desafio muito grande na época. Vamos doar 25 milhões, mas queríamos doar 500 mil para cada hospital beneficente no interior do Brasil. Vamos tirar as capitais, vamos escolher 25 cidades médias e pequenas e doar — não em máscaras, mas em legado. Montar quartos de UTI, fazer reforma… algo que fique com eles. A gente preparou um time todo, quem leva o cheque final foi nosso colega da loja – e o fundo continuou. Fizemos um novo aporte agora, e fizemos um “matching” junto com o BNDES, no infeliz aniversário da pandemia. Demos 100 mil reais para cada hospital, continuamos doando e ajudando a sociedade. Mais uma coisa legal, começamos na prefeitura de SP, poder ajudar na vacina.

Hoje a vacinação é o foco?

O grande tema de ajuda deve ser a vacina. A gente começou a ajudar as prefeituras a aplicar a vacina para a população. A gente aluga tenda, coloca funcionários para administrar a fila, faz cadastro, usam a sala de aplicação e um funcionário da prefeitura faz a aplicação. A empresa é cidadã. E acho que a pandemia vai ajudar muita gente a pensar da mesma forma.

Por que é estratégico para a empresa agir com responsabilidade social?

É uma demanda natural da sociedade. A sociedade está olhando para os entes que cuidam dela e demandando que as empresas, as entidades, a sociedade civil como um todo, além do governo, se apresentem para ajudar. Temos um histórico de fazer isso de quase um século, a gente acha que é o correto e a sociedade tem sim que demandar isso da gente.  E na hora que você vê um poder político tão polarizado, acho que os empresários têm que atuar com ações para poder trabalhar com esse vácuo que o ente público está deixando.

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