Clássico além da bola: Real Madrid e Barcelona rivalizam em faturamento, patrocínios e redes sociais

Real Madrid, líder com 78 pontos, e Barcelona, segundo colocado, com 70, se enfrentam neste domingo, 21, às 16h, no Santiago Bernabéu, em duelo válido pela 32ª rodada da La Liga, como principais postulantes ao título da competição.

O ‘El Clásico’, como é conhecido o confronto entre os clubes, leva a histórica rivalidade para fora dos gramados e acirram disputa no mundo digital e pela marca mais valiosa no futebol.

Mesmo sem a presença de Messi ou Cristiano Ronaldo há pelo menos três temporadas, o duelo segue sendo um dos mais aguardados pelos amantes de futebol, que envolve duas potências comerciais e de faturamento. Segundo levantamento mais recente da revista Forbes, ambos os clubes estão entre os três times de futebol mais valiosos do mundo e entre as 20 marcas esportivas de maior valor no planeta. O Real Madrid tem um valor de mercado acima dos R$31 bilhões, enquanto o Barça vale cerca de R$29 bilhões.

A quantidade de patrocínios dos dois principais clubes do mundo explica também o impacto comercial no esporte. O time da Catalunha conta com, entre patrocinadores regionais, globais e máster, mais de 20 anunciantes no clube. O Real Madrid, por sua vez, chega a quase 30 patrocinadores, distribuídos nas mesmas categorias. Juntos, movimentam mais de R$1 bilhão.

Além disso, são duas forças que se expandem para as redes sociais, com valores que, somados, superam os 700 milhões de seguidores. O clube merengue acumula – entre X (antigo Twitter), Instagram, Facebook, YouTube e TikTok – cerca de 377 milhões de seguidores. O Barcelona, por sua vez, soma quase 338 milhões. A contagem inclui apenas o principal perfil de cada equipe, embora ambos os times também tenham contas em outros idiomas, como português, japonês e árabe.

Para Renê Salviano, CEO da Heatmap, agência que atua no mercado de marketing e patrocínio, as evoluções e o poderio financeiro dos clubes são resultado de um trabalho midiático muito bem feito. “Os super atletas, os midiáticos, e as décadas trabalhando a transmissão dos jogos a outros países trazem viabilidade, conexão, internacionalização e, consequentemente, novos fãs e novas receitas. Alguns clubes europeus souberam fazer este trabalho de forma magnífica, os resultados são consequências certas ao longo dos anos”.

Ivan Martinho, professor de marketing esportivo da ESPM, destaca a importância das redes sociais para clubes de futebol que pretendem expandir seus negócios. “É muito comum no futebol a divulgação dos números estimados de tamanho de torcida serem muito superiores ao que de fato tais clubes possuem como torcedores identificados ou possíveis de serem acessados. Os canais de redes sociais permitem a comunicação direta do clube com sua torcida, possibilitando ações comerciais de patrocinadores, mensurando conversão e aumentando, assim, drasticamente a proposta de valor do patrocínio”.

Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo, comenta que os dois clubes se preparam para ser desse tamanho há anos, o que faz com que esse trabalho de longo prazo seja duradouro. “Real Madrid e Barcelona são dois clubes que possuem uma visão estratégica de posicionamento de marca e de negócios aplicada em âmbito mundial há décadas. Com o avanço da tecnologia, as plataformas das redes sociais acabaram impulsionando ainda mais esse trabalho. O resultado? Fãs espalhados no mundo todo, patrocinadores buscando se associar com os clubes para falar e interagir em âmbito global”.

Essa importância comercial dos clubes pode ser explicada pela história do confronto, que sempre contou com muitos craques dentro de campo. Hoje, Vini Jr., Jude Bellingham e Robert Lewandowski puxam a fila do protagonismo técnico e midiático. Thiago Freitas, COO da Roc Nation, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, que se tornou acionista majoritária e controladora da TFM Agency, companhia com mais de vinte anos de experiência no futebol mundial e que gerencia as carreiras de Vini Jr, Endrick e Gabriel Martinelli, destaca a construção da rivalidade dentro e fora dos gramados.

“O poderio dos dois clubes é fruto dos simpatizantes que conquistaram em todo o mundo, especialmente por conta das estrelas de ordem mundial que mantiveram em seus elencos ao longo de décadas, o que permitiu que seguissem no topo da pirâmide do futebol, mesmo com a liga nacional que disputam menos relevante a cada ano. Real Madrid e Barcelona não são clubes da Espanha, mas do mundo”, afirma.

Outro ponto importante de ambos os clubes é a inovação tecnológica presente nos estádios. O Camp Nou, casa da equipe catalã, passa por ampla reforma que vai modernizar o local e aumentar sua capacidade de 99 mil para 110 mil pessoas, que ficarão em assentos cobertos. O investimento total nesse projeto é de € 1,5 bilhão (R$ 8 bilhões). O local só ficará pronto em 2026.

O Santiago Bernabéu, por sua vez, passou por uma reforma que começou em 2019 e teve custo de € 892 milhões (R$ 4,8 bilhões). O estádio do Real Madrid passou a ser uma área multiuso que, além de partidas do clube, pode comportar shows, jogos de futebol americano e tênis, graças à tecnologia existente no gramado, que desce para um compartimento subterrâneo para ser substituído. A capacidade foi aumentada para 84 mil torcedores.

Considerada uma das principais especialistas em estruturas desmontáveis no país e a maior em overlay da América Latina, a diretoria executiva da Fast Engenharia, Tatiana Fasolari, afirma que essa deve ser uma tendência nas principais arenas pelo mundo. “A infraestrutura temporária em grandes eventos é a grande tendência deste século. Por ser extremamente sustentável, com a reutilização de praticamente todo material, redução de custo na construção e principalmente na manutenção pós a realização do evento”, explicou.

“É muito positivo ver esse tipo de tecnologia, pois o gramado é o grande palco do jogo. A qualidade com preservação, tratamento, adubação, fotossíntese e temperatura controlada deixa a grama em condições ideais para as partidas, dando a importância que ela realmente merece. E, infelizmente, este tipo de reforma está muito além do que conseguimos alcançar no mercado brasileiro. São realmente investimentos para quem tem uma grande capacidade de financiar o esporte”, acrescenta Sergio Schildt, presidente da Recoma, empresa especializada em infraestrutura esportiva.

“A modernização das estruturas dos estádios, como o Bernabéu, possibilita oferecer acessibilidade, segurança e conforto para o público. Além disso, a infraestrutura adequada permite que os estádios recebam grandes eventos esportivos, atraindo turistas e fomentando a economia local. Com diversos estádios aderindo a novas tecnologias, o público é o maior beneficiado”, complementa Tironi Paz Ortiz, CEO da Imply, empresa líder no fornecimento de tecnologias, como reconhecimento facial e biometria para acesso em clubes de futebol, estádios e arenas no Brasil. A empresa tem no portfólio atuações nos principais palcos do futebol nacional, a exemplo de Maracanã, Arena MRV, Arena do Grêmio, Beira-Rio, Arena da Baixada, Arena Fonte Nova, Arena das Dunas e Mangueirão.

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