Como este brechó de criança chegou a 500 lojas — e quer faturar R$ 1 bilhão em 2023

A franquia de moda circular Cresci e Perdi quer resolver uma dor antiga dos pais: o que fazer com as roupas infantis que ficam pequenas após poucas semanas de uso? Em 2014, bem antes do boom da moda circular, a empreendedora Elaine Alves decidiu realizar um bazar com as roupas do seu primeiro filho em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Ali ela viu uma oportunidade de negócio e abriu a primeira unidade da Cresci e Perdi. Hoje, a rede de franquias conta com 500 unidades espalhadas pelo Brasil e espera faturar R$ 1 bilhão em 2023.

A economia circular é nome pomposo para a ideia de dar novos usos a tudo (ou quase isso) que foi extraído da natureza para virar algum produto, mas acabou depositado no lixo — antes ou depois do consumo. A Cresci e Perdi é uma rede de franquias conhecida pela venda de peças de roupa, itens de enxoval, carrinhos e acessórios novos e seminovos com preços até 90% mais baratos do que em lojas convencionais. Hoje, a rede de franquias conta com 351 unidades em operação e outras 155 em fase de implementação — processo que varia entre 2 e 5 meses. Só em São Paulo são 214 unidades, distribuídas em mais de 100 cidades.

Como a Cresci e Perdi foi criada

A empreendedora Elaine Alves já tinha criado outros negócios, menores e mais caseiros, na cidade onde morava antes de liderar a Cresci e Perdi. Há quase dez anos, ela apostou na moda circular como modelo de negócio em um momento em que o assunto ainda não tinha a dimensão que tem hoje.

“Quando me tornei mãe, busquei opções nos brechós tradicionais de roupas para crianças, mas não encontrei boas seleções. Foi quando tive a ideia de criar um espaço com ampla gama de produtos e que oferecesse uma boa experiência de consumo tanto para quem quer adquirir um item quanto para quem quer se desfazer do que já não usa mais”, diz a empreendedora.

Um levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) mostra que o Brasil produz mais de quatro milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano. Estudos mostram que a economia circular poderia gerar 4,5 trilhões de dólares em ganhos para as empresas até 2030 caso fosse disseminada na maior parte do PIB mundial.

Entre as franquias, o número de redes do mercado de moda circular têm crescido nos últimos anos — e competido diretamente com a Cresci Perdi. Marcas de brechós, como Peça Rara e Joaninha Brechó Infantil, despontaram nos últimos anos para surfar na mudança de comportamento dos consumidores e, em especial, na busca por preços menores.

“Nosso principal desafio é impactar cada dia mais pessoas para contribuírem com circularidade dos itens, aumentando assim a vida útil dos produtos e ao mesmo tempo criando benefícios socioeconômicos nas comunidades onde nos instalamos”, diz o sócio Saulo Alves.

Como o negócio funciona

As lojas compram e vendem roupas do tamanho recém-nascido até 16 anos, além de calçados e acessórios para bebê como cadeiras de alimentação, bebê conforto e banheiras. Em média, as unidades tem 300 metros quadrados e contam com 30 mil itens no portfólio.

Outro diferencial é que o cliente pode levar lotes com as peças que deseja vender para serem avaliadas, e o valor do lote pode ser convertido em dinheiro ou um vale-compras com valor superior ao equivalente da venda que se recebe em dinheiro, para ser utilizado na própria loja — o que garante que as compras tenham descontos.

Além das 500 unidades de franquia, outra novidade da empresa é a oferta de itens para locação. É possível alugar objetos como cadeirinha para carro, cadeira de alimentação, berço portátil e até brinquedos pelo tempo necessário de utilização. “Agora, na Cresci e Perdi, compramos, vendemos e alugamos, ampliando nosso ciclo dentro da moda e da economia circular”, diz Elaine. A aluguel de itens deve representar um incremento de 30% no faturamento das lojas.

Expansão do negócio com franquias

Elaine Alves e Saulo Alves, sócios da franquia Cresci e Perdi, na festa de comemoração das 500 unidades

Elaine Alves e Saulo Alves, sócios da franquia Cresci e Perdi, na festa de comemoração das 500 unidades (Divulgação/Divulgação)

O sócio Saulo Alves, primo da fundadora, entrou no negócio em 2017, quando a marca abriu sua primeira franquia. Até 2020, o número de lojas inauguradas por ano não passava de 40. Foi quando os sócios perceberam que precisavam delegar funções e contratar mais pessoas para avançar no processo de expansão. “Nós estávamos travando o próprio processo de expansão, aumentamos nossa equipe de 22 pessoas para 170”, diz o sócio.

“Desde 2021 nós estamos inaugurando no mínimo 130 novas unidades por ano. Em média, nós inauguramos entre 4 e 6 lojas por semana. A partir de setembro, esse número aumenta por que os franqueados se mobilizam para inaugurar até em dezembro”, diz Saulo.

Hoje, a franqueadora oferece quatro modelos de loja:

  • Para cidades de até 40 mil habitantes, o valor do investimento é de R$ 99 mil
  • Em locais com até 60 mil habitantes, a franquia custa R$ 185 mil
  • Para cidades com até 100 mil habitantes, o investimento é de R$ 295 mil
  • Acima de 100 mil habitantes, o valor é de R$ 390 mil

No investimento estão inclusos a taxa de franquia, mobiliário, sistemas e equipamentos de informática, fachada e visual merchandising, estoque inicial para abertura da loja e kit de padronização. O retorno do investimento é estimado entre 10 e 24 meses, dependendo do modelo contratado. Hoje, a Cresci e Perdi conta com mais de 330 franqueados, alguns com mais de uma loja da franquia.

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