Como investir apenas no ativo mais rentável pode te levar à ruína

Esses dias, li uma reportagem que dizia o óbvio, mas acredito que o óbvio também deve ser falado. O título era “O bitcoin valorizou mais do que o dólar, o ouro e a Tesla, de Elon Musk, nos últimos cinco anos”. Vamos juntar a essa “grande descoberta” o respaldo do Bank of America que já anunciou considerar que a criptomoeda mais popular do planeta é o melhor investimento da história, tendo seu valor multiplicado por mais de 90 mil vezes desde que começou a ser negociada. Temos um combo matador sim ou com certeza?

Bom, vendo por esse lado, a tendência, então, é de que vamos todos abandonar os investimentos em fundos imobiliários, bens no exterior, títulos de renda fixa, ouro, ações de tecnologia e qualquer outra coisa, porque derramar capital em um ativo só é mais fácil, consome menos energia e dá maior rentabilidade, certo? O raciocínio parece mesmo fazer sentido, no mundo ideal seria realmente a morte da complexidade. Ainda que o meu questionamento acima contenha ironia, existem de verdade, aos montes, seguidores desse pensamento, inclusive grande parte se autointitula “maximalista”.

Dentro da minha tese de investimento, eu ganhei e continuo ganhando dinheiro no mercado cripto, conquistei a minha liberdade financeira a partir dos rendimentos dos meus ativos digitais, inclusive tive um negócio na área e pude gerar recursos a ponto de viver deles. No entanto, acabei aprendendo na minha jornada, tanto empreendedora quanto nos investimentos, que o segredo não é a concentração e, sim, a diversificação inteligente, ensinamento que absorvi estudando grandes lendas do mercado financeiro, como Warren Buffett, Ray Dalio, John Bogle e Charlie Munger.

(Mynt/Divulgação)

Percebi que todos eles focam na simplicidade. Mesmo sendo um cara atuante no mercado cripto, o meu portfólio foge a esses fundamentalismos disseminados, por exemplo, pelos devotos do bitcoin, porque, para mim, a concentração está muito longe de ser uma estratégia vencedora. Hoje, a minha carteira é parte dolarizada, uma boa parte, inclusive, com aportes em renda fixa dos EUA, ações de companhias estrangeiras, investimento em private equity americano, além de commodities e reservas de valor em ouro e prata.

Em solo nosso, tenho investimentos em renda fixa, em empresas da bolsa brasileira, fundos imobiliários e, depois de tudo isso, mas não menos importante, vem os ativos digitais. Por serem de maior risco, fui fazendo testes e buscando uma exposição que não me deixasse tão vulnerável com as flutuações. É fácil ter uma carteira recheada de criptomoedas quando os ralis estão acontecendo. Agora, na outra parte do tempo, quando o mercado começa a derreter 50%, 60%, ninguém quer assistir ao próprio patrimônio despencar do precipício.

Eu consegui transportar para o hemisfério cripto um pouco do que o Munger e o Buffett fazem ao diversificar em classes de ativos. Fui identificando características semelhantes entre os projetos e os classifiquei em grupos para realizar uma alocação tática. Assim, eu invisto em categorias como DApps, que são os aplicativos descentralizados; em parachains, que são soluções de interoperabilidade entre redes blockchains; no mercado de NFT; no de games; e no próprio BTC, claro.

É simples. Um portfólio inteligente vem acompanhado de um racional inteligente. Em vez de simplesmente fazer um mix de altcoins promissoras, eu preferi focar no propósito, na mudança que esse ecossistema traz e pode trazer a partir de uma conceitualização completamente nova.

A diversificação vai garantir que eu fique dentro do jogo por muitos anos. Caso o mercado cripto exploda de preço, o meu patrimônio como um todo vai subir. Se ele deixar de existir amanhã e eu perder 100% do dia para a noite, ainda sim vou continuar bem e vivo porque a porcentagem que aloco em cripto ainda é pequena em relação ao todo.

Para arrematar a estratégia, aplico uma tese de balanceamento dinâmico, vou reorganizando ativos de acordo com o percentual da minha carteira. Eu sempre defendo a diversificação, sempre defendo o investimento inteligente, porque ninguém na história ficou rico investindo em um único ativo ou em uma única classe. O Warren Buffett não ficou rico por conta dos rendimentos de apenas uma ação ou porque investiu só no mercado acionário americano.

Felippe Percigo é um investidor especializado na área de criptoativos, professor de MBA em Finanças Digitais e educa diariamente, por meio da sua plataforma e redes sociais, mais de 100.000 pessoas a investirem no universo cripto com segurança.

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