Cresce a tensão na Cisjordânia pela guerra em Gaza

Assim que a escalada dos ataques a Gaza foi anunciada na noite de sexta-feira, 27, os palestinos na Cisjordânia ocupada saíram às ruas de Jenin, Ramallah e Nablus para gritar a sua ira contra Israel.

A tensão na Cisjordânia tem aumentado no calor do conflito entre Israel e o movimento islamita palestino Hamas, no poder na Faixa de Gaza.

Desde 7 de outubro, Israel bombardeia diariamente o enclave palestino, em resposta à ofensiva sem precedentes que os milicianos do Hamas lançaram em território israelense, onde deixaram cerca de 1.400 mortos.

Ao mesmo tempo, as tensões na Cisjordânia com as forças israelenses, que realizaram diversas operações neste território ocupado, deixaram mais de uma centena de palestinos mortos desde essa data, segundo as autoridades locais.

Proteção na guerra

Na sexta-feira, em Ramallah, depois da oração e de outra manifestação, muitos jovens desafiaram os soldados israelenses posicionados para proteger o assentamento israelense de Bet El, perto de Ramallah. Os colonos israelenses cristalizam a raiva palestina na Cisjordânia.

Em torno de uma lixeira em chamas, eles apontaram seus estilingues para os soldados sob o olhar de paramédicos e de inúmeros jornalistas de todo o mundo.

“Vim aqui em solidariedade ao nosso povo em Gaza, é o mínimo que pode ser feito”, disse Mariam Ismail à AFP, comovida pela multidão em frente aos soldados.

Desde 2007, a Autoridade Palestina do presidente Mahmoud Abbas, que governa a Cisjordânia, não exerce qualquer controle na Faixa de Gaza, depois de ter sido expulsa de lá pelo Hamas após vários dias de confrontos fratricidas.

Segundo Ismail, haveria muito mais pessoas se não fossem as detenções nas últimas semanas, especialmente de membros locais do Hamas.

Ao seu redor, vários manifestantes se aproximam com seus familiares.

“Temo pelo meu filho, obviamente, mas honestamente foi ele quem me pediu para vir com ele”, explica Ahmad Nhalla acompanhado por Zain, de 10 anos.

“Isso me consome, estou irritado com o ocupante pelos seus incessantes crimes contra o nosso povo”, expressa indignado este pai de família, aplaudido por quem o ouve.

Um veículo militar israelense chega e os jovens manifestantes determinados a lutar se aproximam aos poucos. De repente, surge gás lacrimogêneo. “Estou com medo”, exclama uma mulher chorando.

Um jovem é baleado na perna esquerda e levado por uma ambulância, observou a AFP.

“União Nacional”

Antes dos confrontos, centenas de palestinos marcharam pela praça central de Ramallah carregando bandeiras de vários movimentos palestinos, incluindo o Hamas, e fotos de crianças de Gaza sob os escombros dos bombardeios.

Embora Israel seja o alvo principal, a Autoridade Palestina e o mundo árabe não são poupados.

“Que vergonha, vocês venderam o povo por alguns dólares!”; “O povo quer a Brigada al-Qassam”, o braço armado do Hamas, declaram alguns manifestantes.

“O mais importante agora é a unidade nacional” de todos os palestinos, “não podemos travar esta guerra sem nos unirmos”, afirma Mamdouh al Aker, um cirurgião de 80 anos envolvido na defesa dos direitos humanos nos territórios palestinos.

“A sociedade na Cisjordânia não apoiou Gaza o suficiente. O mesmo se aplica aos governos árabes e até à Autoridade Palestina, não os vemos em lugar nenhum”, afirma Fakhri Barghouti, uma figura local dos antigos prisioneiros palestinos em Israel.

Zaid Amali, de 25 anos, lamentou “o duplo padrão” que na sua opinião é praticado pelos países ocidentais, que invocam o “direito internacional na Ucrânia”, mas são “cúmplices dos crimes israelenses” nos territórios palestinos, e “dão-lhe cobertura política, equipamento militar, cooperação econômica”.

Em 7 de outubro, centenas de homens armados do Hamas infiltraram-se em Israel e mataram mais de 1.400 pessoas, a grande maioria delas civis de todas as idades, segundo as autoridades israelenses.

Em retaliação, Israel bombardeou implacavelmente a Faixa de Gaza.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, até este sábado havia 7.703 palestinos, a maioria civis e 3.500 crianças, mortos na Faixa de Gaza.

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