Dicas: como manter a calma durante a queda no mercado cripto

Por Felippe Percigo*

Entra ciclo, sai ciclo, mas algumas coisas nunca mudam. Uma delas é a tendência crônica dos investidores de tomar decisões baseadas na variação de preço de um ativo. Estamos definitivamente em meio a um bear market que, se ainda não estava claro para todo mundo, acaba de ficar transparente com a nova onda de demissões em cripto, blockchain e no mercado de tecnologia em geral. O bitcoin perdeu mais de 60% do seu valor desde o topo histórico e, no fim de maio, pela primeira vez desde o seu lançamento, em 2009, o preço passou por oito semanas consecutivas de desvalorizações.

Quem vê pela superfície enxerga o fim dos tempos e se rende ao caminho mais elementar, o intuitivo, em vez de colocar o córtex pré-frontal para trabalhar. Se o preço está subindo, vem logo o FOMO, o medo de ficar de fora, e o sujeito compra na euforia. Caso contrário, vide nossa atual situação, se o ativo se desvaloriza significativamente, o sujeito vai lá e vende no FUD, sigla em inglês para “medo, incerteza e dúvida”. Eu sugiro que você fixe uma palavra na sua cabeça: “anticíclico”. Quando algo no mercado parecer extremamente atraente ou fortemente doloroso, pare para refletir. Lembre-se: é hora de ser anticíclico.

Existe um indicador descomplicado, mas bem eficaz criado pela CNN Money para mensurar esse carrossel de emoções do mercado. Trata-se do Fear & Greed Index, que como o nome diz estima o nível de medo e ganância dos investidores. Tenho uma leve desconfiança de que você vai se identificar com ele neste exato momento.

O patamar atual é de “extremo medo”, indicando que as pessoas estão com os dois pés atrás e preferem manter distância das moedas digitais. Isso geralmente mostra que os preços dos ativos estão abaixo do que valem. A extrema ganância, na outra ponta, sugere uma grande euforia, que é quando todo mundo quer aproveitar o ciclo de alta a todo custo e se rende ao FOMO. Neste caso, em geral, os preços dos ativos estão supervalorizados.

Como agir quando a gente se depara com essa atual temperatura emocional? Não sou eu que vou te dizer, deixo o Warren Buffett fazer isso. Em uma carta aos acionistas em 2004, ele ensinou: “Tenha medo quando os outros estão gananciosos e ganância quando os outros estão temerosos”.

(Mynt/Divulgação)

Acho que a pergunta está respondida. Mas, calma, isso ainda não é suficiente. A tomada de decisão deve ser baseada em um conjunto de indicadores que, juntos, podem fornecer um respaldo robusto ao investidor. Existem basicamente três métodos diferentes de análise: análise técnica, análise fundamentalista, na qual podemos incluir a análise on-chain, e a de sentimento. Cada uma delas tem seus pontos fortes e fracos, por isso o ideal é se guiar por uma combinação das três.

Alguns indicadores são mais fáceis de observar, outros mais complexos, mas à medida que se aprofunda no estudo dos ativos a visualização vai ficando mais clara. Minha sugestão é começar pelos mais leves e ir avançando progressivamente. Se você for afobado e logo consultar um indicador com mais variáveis, pode se assustar. Devagar e sempre.

O legal é que essas ferramentas, especialmente neste momento, podem funcionar como uma espécie de tranquilizante. Suponhamos que você esteja comprado em BTC e sua carteira esteja derretendo. Você pensa: vou vender no prejuízo mesmo e salvar o que ainda me resta. O que vai levá-lo a fazer isso? O temor, como falamos acima.

Agora, eu pergunto: por qual motivo estariam crescendo os fluxos de entrada em ETFs de bitcoin na última semana? Porque os investidores institucionais estão aproveitando a promoção da criptomoeda e comprando o mergulho. Entendeu? Você e eu somos só uma canoa no oceano, não faz sentido contrariar os navios. E eles estão acumulando, enquanto você pensa em se desfazer.

Esse indicador de fluxo de entrada e saída em fundos de bitcoin (e de outras criptos também) é mais uma fonte de consulta quando bater o pavor. E você não precisa ser um expert para ler esse movimento do mercado. Na mesma linha, os fluxos também podem ser analisados em função das entradas e saídas de criptomoedas das exchanges, por exemplo.

Vamos pegar emprestado da análise gráfica a curva de crescimento logarítmica, que percorre toda a existência do ativo. No caso do bitcoin, por exemplo, é possível ver que, à medida que ele amadurece, seu valor de mercado sobe e a liquidez cresce, assim, a volatilidade vai diminuindo ao longo do tempo. Isso significa que, ainda que não gere mais ganhos astronômicos, se torna cada vez mais estável, se consolidando como um reserva de valor. Portanto, eu não teria medo de depositar minhas fichas nele se fosse você.

Citei aqui alguns indicadores por alto – até porque a intenção é assinar uma coluna, não uma tese – para colocar na cabeça do investidor que se ater exclusivamente às oscilações de preços é uma armadilha. O que importa é se o mercado está saudável. Para fazer esse diagnóstico, existem fontes de análise desenvolvidas por especialistas que se debruçaram durante anos sobre as criptomoedas, para ajudar as pessoas a tomar decisões melhores. Muita gente ouve “análise” e acha que dificilmente será capaz de um dia tirar suas próprias conclusões. Isso não é verdade, eu garanto a você.

Quem tem interesse em compreender o mecanismo e tirar proveito disso, precisará de fato explorar as ferramentas. Como visto, elas podem ser acessíveis, só requerem um pouco de dedicação. Se essa não é a sua praia mesmo, um movimento inteligente é buscar ajuda especializada. Afinal, ao contrário do que dizem, o mercado cripto não é um cassino.

*Felippe Percigo é um investidor especializado na área de criptoativos, professor de MBA em Finanças Digitais e educa diariamente, por meio da sua plataforma e redes sociais, mais de 100.000 pessoas a investirem no universo cripto com segurança.

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