‘Estupidez’ do teto de gastos, decretos de Lula, esperança de Ano Novo e o que mais move o mercado

Os primeiros sinais do mercado financeiro em 2023 refletem alguma esperança de um ano melhor que o anterior, marcado por altas de juros no mundo inteiro e pela maior guerra desde a decada de 1940 em solo europeu. Com muitos mercados ainda em pausa de Ano Novo, bolsas da Europa avançam mais de 1% nesta segunda-feira, 2, a exemplo das de Paris e Madri. Já o gás natural, que disparou no ano passado, com os efeitos do ataque russo à Ucrânia, cai para próximo da mínima desde fevereiro.

Nos Estados Unidos, no Reino Unido e em alguns países da Ásia, as negociações só iniciam na terça-feira, 3. No último pregão, ainda na quinta-feira, 30, os principais índices de Wall Street fecharam no vermelho, selando o 2022 negativo para as bolsas de valores. O principal índice de Wall Street, o S&P 500 caiu 19,44% no ano, enquanto o Nasdaq, com maior concentração de big techs, desabou 33,10%.

No Brasil, onde a desidratação da PEC da Transição injetou doses de euforia nas últimas semanas do ano, o Ibovespa fechou 2022 em alta de 4,69%.

Para 2023, as expectativas do mercado seguem dividas. Enquanto uma ala do mercado vê espaço para a bolsa brasileira saltar pra acima de 130.000 pontos, outra espera uma bolsa estagnada para este ano. A principal variável nessa equação, segundo analistas, deverá ser a responsabilidade fiscal do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em uma cerimônia recheada de simbolismos, Lula reafirmou o compromisso com a saúde das contas públicas, mas rechaçou o caminho via teto de gastos, que classificou como uma “estupidez”.

O teto, depois de tantos remendos, já não existe mais na prática — e isso é consenso no mercado. A expectativa, agora, é para o que será colocado no lugar. Na PEC da Transição, aprovada às pressas no fim do ano passado, previu-se a apresentação de uma nova âncora fiscal até junho.

A proposta deverá ser entregue como Lei Complementar, e não como emenda à Constituição, o que deverá dar ao executivo alguma vantagem nas negociações com o Congresso. Como isso irá se desenrolar poderá ser um dos principais gatilhos (positivos ou negativos) para o mercado local no médio prazo.

No curto prazo, o mercado deverá se debruçar sobre os despachos do presidente Lula de seu primeiro dia de mandato. Entre os mais relevantes para o mercado está a prorrogação em 60 dias da isenção dos impostos federais sobre os combustíveis. A medida, em vigor desde o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, estava prevista para encerrar em 31 de dezembro e deve ajudar a conter a alta da inflação nos primeiros meses do novo governo.

Na mira de Lula também esteve o mercado de armas brasileiro, fomentado pelo presidente anterior. Lula, em decreto, suspendeu a concessão de novas licensas para clubes e escolas de tiro e de novos registros de Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CAC). O decreto também proibiu que pessoas sem o registro de CAC faça uso de armas de fogo em clubes ou escolas de tiro.

Ainda que o cerceamento sobre a indústria do armamento tenha efeito limitado sobre a macroeconomia, uma ação em especial pode sentir mais, a da Taurus. Maior empresa de armas do Brasil, a companhia foi uma das mais beneficiadas com a facilitação para o acesso a armas durante a gestão Bolsonaro.

Nos últimos quatro anos, sua receita doméstica mais que quintupilcou, passando de R$ 108 milhões nos três primeiros trimestres de 2018 para R$ 564 milhões no mesmo período de 2022. Em cinco anos, as ações da Taurus acumularam 808% de alta. Com o novo governo, um dos desafios do mercado será decifrar quem serão os vencedores e os perdedores do terceiro mandato de Lula.

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