Governo precisa passar mensagem forte sobre fiscal, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira que o governo precisa passar mensagem forte sobre disciplina fiscal em meio a ruídos sobre a sustentabilidade das contas públicas que têm mexido com os preços no mercado.

A percepção do mercado foi de que tanto a PEC dos Precatórios como a reforma do Imposto de Renda foram propostas para financiar um programa de transferência de renda mais robusto, avaliou Campos Neto, ao participar de live promovida pelo Bradesco.

“Esse ruído recente em torno de o que vai ser o Bolsa Família acho que na verdade está gerando muito barulho para os dados (fiscais) e reconheço que isso é um fato e que o governo precisa passar uma mensagem forte sobre isso”, disse.

Por outro lado, Campos Neto afirmou ser preciso pontuar que o cenário fiscal brasileiro hoje é melhor do que o que havia sido esperado no meio da crise de covid-19.

De acordo com o presidente do BC, os números mostram que o déficit primário neste ano ficará por volta de 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e que para 2022, ano de eleições, “não será muito maior que zero”.

Campos Neto disse ter sido informado em conversa recente com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que o déficit para o próximo ano ficará por volta de 0,3% a 0,4% do PIB.

“Mas não é isso que o mercado está precificando”, afirmou ele. “Isso tem a ver com o fato de que muito dos novos projetos o mercado teve a percepção que foram lançados de uma forma muito ligada à vontade do governo de ter um programa Bolsa Família melhor”, completou.

Apesar das restrições orçamentárias existentes e que ficaram ainda mais desafiadoras com a conta de precatórios de cerca de 90 bilhões de reais para 2022, o presidente Jair Bolsonaro deu inúmeras declarações a respeito da intenção de elevar o Bolsa Família em 100%, o que levaria o benefício médio do programa para perto de 400 reais.

Mais recentemente, o presidente afirmou ter sido acertado com a equipe econômica que o reajuste no programa será de no mínimo 50%.

O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, já afirmou que a expansão do Bolsa Família para que passe a contemplar 17 milhões de famílias com um benefício médio de 280 a 300 reais demandará entre 26 e 28 bilhões de reais adicionais.

Ele disse ainda que o governo contava com a tributação sobre dividendos prevista no projeto do IR para financiar esse aumento e que um plano B para viabilizar um programa de transferência de renda maior seria contar com a redução de 15 bilhões de reais em gastos tributários, plano que o governo enviará até o Congresso em setembro.

Atualmente, o orçamento do Bolsa Família é de cerca de 34,9 bilhões de reais, alcançando 14,7 milhões de famílias e com benefício médio de 190 reais.



Continue lendo

Recomendados

Desenvolvido porInvesting.com
Economia, Todos

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Menu