Guedes começa a reconquistar investidores com melhora fiscal

O ministro da Economia, Paulo Guedes, vem dizendo aos investidores que eles estão errados há meses.

Em discursos públicos e reuniões privadas, Guedes está constantemente tentando afastar preocupações com as perspectivas fiscais do Brasil. Dados e previsões recentes mostram os melhores números do orçamento em anos, mesmo com o aumento dos gastos sociais para diminuir os impactos da pandemia sobre mais pobres.

O pessimismo que colocou os títulos, moeda e bolsa de valores do país entre os de pior desempenho do mundo neste ano é exagero, diz o ministro.

“O nosso será o primeiro governo que vai sair gastando menos do que quando entramos”, disse Guedes, em 7 de dezembro, durante um evento online com investidores. “Esses são fatos concretos. Você ouve muito barulho sobre a sustentabilidade fiscal no Brasil, sobre como a política fiscal é frouxa, mas posso garantir que isso é barulho.”

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Há sinais de que parte do pessimismo começou a diminuir, mesmo com o real próximo ao menor nível em oito meses. O Ibovespa subiu cerca de 7% desde que atingiu a menor baixa de 13 meses em 1º de dezembro. O spread dos títulos externos caiu 40 pontos-base nas últimas semanas.

Guedes faz questão de divulgar previsões que mostram que o Brasil está a caminho de registrar o menor déficit em sete anos, os níveis de dívida bruta estão caindo e os gastos do governo devem ser os mais baixos como porcentagem do PIB desde 2014. Em uma era de espetaculares déficits em países desenvolvidos, como os EUA, e déficits em países como Chile e Colômbia que se prevêem ultrapassar o Brasil, o país parece um modelo de responsabilidade.

“Os números fiscais brasileiros estão superando maciçamente as expectativas”, disse Gustavo Medeiros, chefe de pesquisa do Ashmore Group em Londres. Embora ele reconheça que o arcabouço fiscal precisará ser reforçado nos próximos anos, acha que isso é inevitável e está otimista com os títulos públicos pré-fixados e os privados.

Para os céticos, o aumento dos gastos sociais vinculados à pandemia não foi reduzido o suficiente, e eles temem que haja mais pressão para estourar o teto de gastos num momento em que o presidente Jair Bolsonaro se prepara para tentar a reeleição.

Eles apontam para uma aceleração da inflação muito mais rápida no Brasil do que em outras nações em desenvolvimento, e para um histórico de gastos agressivos durante recessões – como aconteceu após a crise financeira de 2008.

Todo esse pessimismo tem sido doloroso para o mercado brasileiro, mesmo considerando a recuperação recente. O Ibovespa tem o segundo pior desempenho do mundo neste ano, atrás apenas do índice de Hong Kong. O real está caminhando para seu quinto ano consecutivo de queda. E os spreads dos títulos estrangeiros do Brasil aumentaram 10 vezes a média dos mercados emergentes.

“Quando você começa com populismo fiscal, o preço a pagar é muito alto”, disse Luis Stuhlberger, sócio fundador da Verde Asset Management, cujo fundo carro-chefe rendeu mais de 18.000% em moeda local desde 1997. Os ativos brasileiros estão precificando “um monte de coisas ruins”, disse ele em um evento no mês passado.

Outros investidores encontram motivos para estarem otimistas e dizem que veem oportunidades de compra enquanto os números do orçamento estão melhorando.

O déficit primário do Brasil – que exclui o pagamento da dívida – cairá para 0,4% do Produto Interno Bruto até o final de 2022, o mesmo nível de 2014, de acordo com o Ministério da Economia. Os gastos do governo também voltarão ao mesmo nível de 2014: 18% do PIB. A dívida bruta cairá para 80,6% do PIB em 2021, de 88,8% neste ano.

Tanto o JPMorgan quanto o HSBC avaliam que o mercado de ações chegou ao fundo do poço. O ETF iShares MSCI Brasil registrou ingressos superiores a US$ 280 milhões na semana passada, o maior em dois anos.



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