Hora da virada? Bolsa brasileira está entre as piores do mundo no ano

O Ibovespa caminha para a melhor semana do ano, após dados de inflação abaixo do esperado no Brasil e Estados Unidos ter impulsionado o preço das ações brasileiras. Em apenas três dias, o principal índice da B3 chegou a acumular mais de 8% de alta.

A disparada, no entanto, não foi suficiente para tirar a bolsa local das piores posições do mercado mundial. Mesmo com as altas recentes, o Ibovespa ainda acumula queda no ano, enquanto os principais índices internacionais vêm apresentando forte recuperação em 2023.

O Índice Nasdaq, que foi destaque negativo em 2022 ao cair 33%, já subiu 15% neste ano. A forte alta ocorreu em meio ao desmonte de apostas de um Federal Reserve ainda mais duro em seu ciclo de aperto monetário. Reflexo das expectativas deos juros americanos, os rendimentos dos títulos dos Tesouro americano desabaram desde o início do ano. O T-2 (com vencimento em 2 anos) já caiu 10%.

Ibovespa de fora do rali

O índice Nasdaq, vale destacar, é o mais sensível às expectativa de juros por ter mais empresas de crescimento em sua composição. Mas fortes altas não se restringiram aos Estados Unidos. Na Europa, o índice italiano FTSE MIB já subiu 16% e o francês CAC 40, 14%.

O Ibovespa, inclusive, está atrás de índices de países emergentes. No México, o S&P/BMV IPC acumula 11% de alta e o chinês Shangai Composite, 7,70%. Bolsas do Japão, Coréia do Sul, Suíça, Suécia, Portugal, Arábia Saudita, Áustria e Polônia são algumas outras com desempenho superior. Índices de ações piores que o Ibovespa no ano são excessões. O indiano Nifty, abalado pela crise no império Adani, e o turco BIST 100,  estão entre os poucos com desempenho abaixo do indice brasileiro.

Temores de que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva não seja fiscalmente responsável, atritos com o Banco Central e até ruídos sobre eventuais revisões de reformas recentes são apontados como fatores que impediram que o índice brasileiro acompanhasse o rali do início do ano.

Apesar do fraco desempenho da bolsa brasileira, alguns fatores sustentam as expectativas de alta do Ibovespa. A queda da inflação e o consequente aumento da percepção de que o Banco Central poderá começar a cortar juros são alguns deles. Mas não os únicos. Gestores otimistas com a bolsa também argumentam que o nível de alocação de fundos em ações (próximo da mínima histórica) e melhora das perspectivas fiscais ainda podem impulsionar a bolsa nos próximos meses.

“Desde que o Lula chegou, as expectativas de inflação só sobem. Então, quando começa a vir um processo convergente inflação corrente, a curva toda cede — o que é bom para ativos de risco”, disse Ruy Alves, gestor da Kinea Investimentos em entrevista recente à Exame Invest.

Marcelo Ferman, CEO da Parcitas, acredita que o mercado ficou “demasiadamente” otimista durante o rali dos últimos dias. Um dos motivos de maior cautela, disse, é a proposta do arcabouço fiscal que ainda será entregue ao Congresso, além da esperada desaceleração externa. “Estamos, aos poucos, montando posições vendidas na bolsa.”

 

 

Continue lendo

Recomendados

Desenvolvido porInvesting.com
Mercado, Todos

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Menu