Inhotim e Clara Resorts se unem para construir hotéis no museu e oferecer “experiência única”

A pouco mais de 50 quilômetros de Belo Horizonte, Inhotim é o maior museu a céu aberto do mundo e uma joia cultural do Brasil. Mas tem um calcanhar de aquiles, apontado por boa parte dos até 5 mil visitantes que recebe por dia: acomodação. Falta ao museu um hotel à altura de sua relevância e do impacto que provoca em seus visitantes. Bom, faltava.

O grupo paulista Clara Resorts, dono de dois hotéis de luxo no interior de São Paulo, fechou um acordo de investimento com Inhotim para construir dois hotéis e um spa no complexo do museu até 2029. O plano de investimentos, segundo a EXAME apurou, é de centenas de milhões de reais para os próximos anos, com a ambição de fazer dos novos empreendimentos um complemento à altura do museu.

Os novos projetos nasceram de um relacionamento recente e de alinhamento imediato entre Bernardo Paz, criador de Inhotim, e Taiza Krueder, fundadora do Clara Resorts. “Tudo o que escolho para cá é pensado com muito cuidado, desde uma planta até uma obra. E com o hotel não poderia ser diferente”, diz Bernardo Paz. “O Clara Resorts é um grupo sólido, que vem desenvolvendo projetos magníficos. Desde o meu primeiro encontro com Taiza eu tive uma impressão excepcional dela e do seu trabalho”.

Este primeiro encontro aconteceu em abril deste ano, e as semanas seguintes destravaram projetos que estavam parados há anos.

Taiza conta que conheceu Inhotim há oito anos, quando visitou o museu e comprou uns posters que até hoje decoram o escritório de um de seus hotéis. Este ano, na SP Arte, conversou com Marina Toledo, relações públicas do instituto, e ficou sabendo do projeto de um hotel inacabado há oito anos dentro do museu.

Dias depois, visitou Inhotim e conheceu Bernardo Paz. Fechou o acordo não só para concluir o hotel que já estava 40% construído, como convenceu o empresário a comprar uma outra área para construir um segundo empreendimento. Em poucas horas conseguiu um acordo que dezenas de empresários e investidores tentavam há anos.

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“Somos experts em comprar o que ninguém consegue. Negociamos e pagamos a mais do que o avaliado, porque sabíamos que tinha o lado emocional envolvido, e queríamos deixar o Bernardo feliz”, diz.

Segundo Paz, o hotel é um passo importante para o futuro de Inhotim. “O que será construído fornecerá para o visitante uma experiência única, que ainda não existe no mundo. Acordar no meio de Inhotim é uma coisa inenarrável”, diz o empresário.

Os novos empreendimentos vêm, como lembra Paz, num momento de mudanças para Inhotim. Ano passado ele doou para o Instituto sua coleção de 330 obras e 23 galerias, além do terreno de 140 hectares onde está o museu. Também constituiu uma diretoria executiva, encabeçada por Lucas Pessôa, que passou pelo Pátria e pelo Masp, e formou um conselho com nomes conhecidos do mercado, como Eugênio Mattar, Roberto Setubal e Rubens Menin.

“As doações, a formação do Conselho e outras decisões de institucionalização que venho tomando são maneiras de garantir a perenização deste projeto único para o futuro”, diz Paz.

Inhotim

Inhotim (Paulo Fridman / Colaborador/Getty Images)

O projeto

O Clara Resorts comprou uma área de 14 hectares, equivalente a 10% de Inhotim, além de uma área vizinha de 16 hectares em uma fazenda de Paz, vizinha ao museu. O primeiro projeto será concluir o hotel de 44 quartos, o que deve ficar pronto em setembro do ano que vem, junto com o festival gastronômico de Inhotim. Depois, o plano é construir um novo prédio com mais 100 quartos e um spa, cujos projetos serão escolhidos em concurso; depois, construir um novo hotel, na fazenda vizinha ao museu.

Para o primeiro hotel, o plano é concluir o projeto original assinado pela arquiteta mineira Freusa Zechmeister, com bangalôs integrados à paisagem. “Bernardo e Freusa eram dois grandes sonhadores. Vamos executar o projeto original, mas com atualizações e senso prático para que o sonho possa sair do papel. A ideia é curtir a jornada, erguer um hotel que transpire arte”, diz Taiza. Ela pretende aproveitar, por exemplo, as 44 banheiras esculpidas em pedra sabão, que já estão na propriedade.

O plano da empresária é levar para Inhotim a mesma visão de serviços de seus hotéis de São Paulo. “Somos para a família. Quero que crianças tenham contato com arte desde cedo. Queremos que as pessoas degustem Inhotim aos poucos”, diz.

Trabalho de Adriana Varejão em Inhotim. (Nelson Almeida/AFP)

O grupo Clara Resorts tem dois hotéis, em Ibiúna e Dourados, no interior de São Paulo, que somam 300 quartos. Em comum, reúnem instalações e serviço de alto padrão com atrações para toda a família. As instalações têm opções de hospedagem para casais com filhos, e o hotel oferece de berço a papinha para recém-nascidos.

Nos últimos anos, Taiza estava em busca de um terceiro investimento. Inhotim apareceu na hora certa. A ideia é não parar por aí. A empresária é filha de uma família que tinha uma rede de restaurantes, em São Paulo, e cresceu atendendo clientes. Estudou administração no Brasil e fez especialização na França, onde trabalhou em lugares como o emblemático hotel Plaza Athénée, em Paris.

Em Inhotim, o plano é ter hotéis boutique e de alto padrão que contem com doadores e patrocinadores para investir na comunidade e trazer artistas para as instalações. “Os projetos precisam ser cíclicos, sustentáveis”, diz. Assim como a arte.

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