Inter no 1º tri e o desafio da monetização: saiba o que esperar do balanço

O Inter (BIDI11) vai divulgar nesta segunda-feira, 16, seu balanço do primeiro trimestre de 2022, após o fechamento de mercado. O ponto-chave do resultado deve ser a capacidade de monetização do banco digital, que vem sendo cada vez mais cobrada por investidores em um cenário de juros altos e inflação subindo.

A grande preocupação está relacionada à concessão de empréstimos. A originação de crédito, que representa a entrada de novos empréstimos na carteira, foi de R$ 4,5 bilhões no período. O valor cresceu 22% frente ao mesmo período de 2021, mas foi 26% menor em comparação ao trimestre anterior. A queda vem em um momento de alta da inadimplência da carteira, que ficou em 3,3% no período contra 2,8% nos três últimos meses do ano passado.

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Para o Itaú BBA, os números fracos da prévia indicam um desafio para o Inter em termos de monetização. “O ritmo de originação de crédito deu um grande passo para trás, os volumes de transações com cartão estagnaram e a qualidade do crédito se deteriorou rapidamente, especialmente em cartões”, informou relatório do banco.

O resultado abaixo do esperado estava no radar dos analistas, considerando a deterioração do cenário macroeconômico. Entre o primeiro trimestre de 2021 e o mesmo intervalo neste ano, a taxa básica de juros, a Selic, saltou de 2% para 11,75%, encarecendo o custo do crédito. Os juros também estão subindo nos Estados Unidos, o que retira liquidez das ações do mundo todo, em especial às associadas ao universo de tecnologia.

“O cenário macroeconômico está mais difícil e houve uma reprecificação dos produtos a partir do quarto trimestre de 2021. Ainda assim, esperávamos mais do Inter devido ao financiamento relativo da companhia, às despesas operacionais e às vantagens do produto. Os números da prévia prejudicam as estimativas sobre o balanço e pesam sobre os papéis”, afirmaram os analistas do BBA.

As units do Inter estão entre as maiores quedas do Ibovespa em 2022, e recuam cerca de 46% desde o início do ano. 28% dessa queda ocorreu apenas no mês de abril.

Para os analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), falta ao Inter dar sinais mais claros de como pretende rentabilizar sua operação. “Para que a ação volte a subir, o Inter precisa mostrar como pretende alcançar um ROE [Retorno sobre o Patrimônio Líquido] que sustente o crescimento do banco”, afirmaram. 

O banco mantém a recomendação de compra para os papéis do Inter, classificada pelos analistas como “uma das melhores plataformas para pessoas físicas do País”. O preço-alvo para os papéis é de R$ 30. É preciso, no entanto, que o banco digital apresente um caminho claro de como pretende monetizar o negócio para que a recomendação seja mantida.

“Isso poderia ser feito, por exemplo, aumentando as taxas de juros de empréstimos como o produto de cartão de crédito rotativo (o que acreditamos já estar acontecendo), que historicamente carrega taxas muito abaixo do mercado, ou indicando um crescimento esperado decente em empréstimos de crédito sem garantia. Ao todo, o Inter precisa mostrar aos investidores quão bem seu modelo de negócios pode aproveitar a alavancagem operacional”, afirmaram.

O BBA também mantém recomendação de compra para as units do Inter, com um preço-alvo ainda maior, de R$ 65,12.

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Migração para a Nasdaq

Vale lembrar que, na última semana, as units do Inter reduziram parte das perdas do ano e tomaram a dianteira do Ibovespa, disparando 17% no acumulado semanal. A recente força para os papéis veio da notícia de que os acionistas do Inter aprovaram a proposta de reorganização societária, que deve culminar com a migração de 100% das ações da companhia para a Nasdaq, bolsa americana de tecnologia.

A conclusão da operação ainda aguarda homologação pelo Banco Central, mas investidores já reagem positivamente, avaliando que o Inter pode, potencialmente, negociar a múltiplos mais elevados no exterior, além de ter maior possibilidade de levantar capital.

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