Os riscos de crise bancária nos EUA e Europa para a América Latina, segundo a Fitch

Duas semanas após a falência do Silicon Valley Bank (SVB) nos Estados Unidos, os mercados seguem preocupados com a instabilidade entre os bancos. Após o SVB, o Credit Suisse enfrentou uma crise de confiança que terminou com a compra do banco pelo concorrente UBS. E, nesta sexta-feira, 24, o foco voltou para a Europa com as incertezas caindo sobre o banco alemão Deutsche Bank.

Os efeitos, no entanto, devem ser limitados para os bancos da América Latina, segundo a Fitch Ratings, devido à pouca ou nenhuma exposição direta a esses bancos. “Além disso, os fatores estruturais dos sistemas bancários da América Latina, incluindo níveis significativos de depósitos de varejo estáveis ​​e a duração mais curta das carteiras de títulos, devem compensar ainda mais os riscos dos efeitos de segunda ordem”, afirma, em nota, a agência de classificação de risco.

A Fitch reforça ainda que o histórico de inflação da América Latina levou os bancos centrais da região a apertar a política monetária mais cedo, já em março de 2021 com a liderança do Brasil, o que deve ajudar a limitar as consequências para os bancos latino-americanos.

Ainda assim, as altas taxas de juro devem pressionar a qualidade dos ativos bancários e os custos de crédito. Porém, a Fitch destaca que os bancos sob sua cobertura têm margem suficiente para absorver alguma deterioração.

“Do ponto de vista de financiamento e liquidez, uma política monetária mais rígida resultou em uma desaceleração do crescimento de depósitos para a maioria dos sistemas bancários da América Latina, com desgaste limitado de depósitos. Esperamos que as pressões de liquidez permaneçam dentro das expectativas dos ratings, refletindo um aperto monetário menos agressivo e rápido devido ao aumento proporcionalmente menor nas taxas de juro e aperto quantitativo limitado na América Latina”, afirma a agência.

O que aconteceu com o Silicon Valley Bank?

Na noite do dia 16, o SVB, banco médio americano, conhecido por ser financiador de startups no Vale do Silício, surpreendeu o mercado ao anunciar que pretendia levantar US$ 2,25 bilhões para equilibrar suas contas. O capital extra ajudaria a instituição a lidar com a queima de caixa acelerada de seus clientes em meio a um ambiente de juros altos.

O anúncio gerou pânico nos mercados e os clientes da instituição correram para sacar mais de U$ 40 bilhões de depósitos, gerando a maior crise no setor desde 2008. 

A derrocada do SVB é outra consequência da campanha agressiva do Fed em subir juros para controlar a inflação. De um lado, os rápidos aumentos de juros forçam os bancos a pagar rendimentos maiores para reter depósitos. 

De outro, o aumento do rendimento dos títulos reduz o valor dos bonds mantidos nos balanços dos bancos, pressionando a sustentabilidade financeira das instituições. O SVB possuía muitos desses títulos, incluindo títulos do Tesouro, e agora estão sentados em gigantescas perdas não realizadas.

Além disso, quando as taxas de juro sobem, as startups têm mais dificuldade em acessar financiamento com os empréstimos ficando mais caros. A combinação de fatores foi responsável pela corrida de resgates no SVB.

O que aconteceu com o Credit Suisse?

Depois do pânico gerado pela falência do SVB, foi a vez do Credit Suisse adicionar doses de preocupação ao mercado. Na terça-feira, 14 de março, o banco afirmou ter encontrado “fraqueza material” em seus balanços e descartou o pagamento de bônus a executivos após o pior desempenho anual da instituição desde a crise financeira global.

Mas a verdade é que, desde 2022, o banco vem fazendo cortes de custos, o que incluiu o fechamento de postos de trabalho. Em 2021, o banco sofreu uma perda de R$ 5,5 bilhões, relacionada ao fundo Archegos Capital Management. O banco também sofreu perdas bilionárias com o Greensill.

A crise de liquidez – e de confiança – foi solucionada com a incorporação do Credit Suisse pelo UBS, costura encontrada pelas autoridades suíças para evitar “enormes danos colaterais no mercado financeiro suíço e risco de contágio internacional”, como definiu a ministra de Finanças, Karin Keller-Sutter.

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