O governo de São Paulo afirmou nesta segunda-feira, 26, que o Ministério da Saúde tem doses já entregues de vacinas contra o coronavírus, mas que não têm sido enviadas aos estados. Também hoje, o Ministério anunciou a antecipação das entregas desta semana.
Em mensagem em uma rede social nesta tarde, o governador João Doria (PSDB) afirmou que “o Ministério da Saúde tem 16 milhões de vacinas paradas em estoque”. Doria classificou a situação como “falta de urgência” e “vergonhosa”.
A EXAME apurou que doses estão paradas desde a semana passada, embora tenham sido entregues ao Brasil no prazo pelos laboratórios.
Ainda nesta segunda-feira, o Ministério da Saúde publicou em seu perfil no Twitter que distribuiria a partir de hoje mais de 10 milhões de doses aos estados. O prazo anterior, segundo fontes ouvidas pela EXAME, era a próxima quarta-feira, 28.
Questionado sobre o caso, o Ministério da Saúde ainda não se pronunciou. O espaço segue aberto para manifestações.
Entre as vacinas no estoque federal, há doses de Pfizer, Coronavac e AstraZeneca. Desde terça-feira, 20, um novo carregamento de Pfizer é entregue diariamente, no maior lote da vacina recebido pelo Brasil até aqui. Novo lote de cerca de 1,5 milhão de doses da Coronavac também foi entregue hoje ao governo federal pelo Instituto Butantan.
Atrasos na entrega do Plano Nacional de Imunização (PNI) podem comprometer o cronograma de vacinação em uma série de estados e municípios. O Brasil tem 45% da população vacinada com ao menos uma dose e 18% com a vacinação completa.
A vacinação brasileira funciona majoritariamente via PNI, que distribui as vacinas aos estados proporcionalmente ao tamanho da população e grupos prioritários. A maioria dos laboratórios têm negociado diretamente com os governos federais, responsáveis por comprar e distribuir as doses.
A expectativa é que a vacinação brasileira seja acelerada a partir de agora, com a chegada de novas doses no segundo semestre sendo amplamente superior ao primeiro — sobretudo no caso das doses de Pfizer/BioNTech, que devem superar as demais vacinas em agosto.
Mais cedo, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) também havia questionado nas redes sociais o atraso da entrega de doses pelo governo federal.
A fonte do questionamento do deputado veio da declaração da coordenadora do Programa Estadual de Imunização (PEI) de São Paulo, Regiane de Paula, também nesta segunda-feira. “Sabemos que o Ministério da Saúde tem recebido todos os dias, desde o dia 21, cargas de vacinas da Pfizer”, disse, pedindo que a entrega fosse acelerada.
Procurado, o governo de São Paulo não se pronunciou sobre o caso.
No fim de semana, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), também havia criticado o fluxo de distribuição do Ministério da Saúde. “O senso de urgência do Ministério da Saúde chega a impressionar”, escreveu.
Já nesta segunda-feira, o prefeito voltou atrás e publicou que havia recebido uma ligação do Ministério anunciando a antecipação da entrega de doses de quarta-feira para hoje. Na mensagem, Paes agradeceu o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Acabamos de receber uma ligação do departamento de logística do @minsaude que nos informou estar adiantando as entregas desta semana para a noite de hoje. Agradeço muito a parceria do ministro Marcelo Queiroga na aceleração desse processo. 1/2
— Eduardo Paes (@eduardopaes) July 26, 2021
Segundo o anúncio feito pela Saúde, serão distribuídas a partir de hoje aos estados doses na seguinte quantidade:
- AstraZeneca/Fiocruz: 3,8 milhões
- AstraZeneca/Covax Facility: 1,0 milhão
- Coronavac/Butantan: 3,3 milhões
- Pfizer/BioNTech: 2,1 milhões
Antecipação em SP
São Paulo, que tem a maior fatia do PNI devido à população de mais de 40 milhões de habitantes, havia anunciado neste mês de julho a antecipação das datas de vacinação dos grupos mais jovens, com menos de 30 anos.
A antecipação se baseia em duas frentes: primeiro, a compra de 4 milhões de doses extras da Coronavac, direcionadas somente a São Paulo, e, em seguida, as previsões de chegada de milhões de novas doses via PNI.
Um dos pontos chaves para o calendário são as futuras doses de Pfizer/BioNTech, sobretudo para a vacinação de adolescentes.
A Pfizer se tornou chave no processo de vacinação paulista depois que o governo do estado afirmou que adolescentes entre 12 e 17 anos anos seriam vacinados a partir de outubro. O grupo representa 3,2 milhões de pessoas no estado.
Como a vacina por ora é a única autorizada neste grupo etário, o governo paulista já havia afirmado no dia do anúncio, em 11 de julho, que conta com as doses da Pfizer prometidas via PNI para a imunização dos adolescentes.
Pelo último cronograma paulista, a vacina contra o coronavírus será oferecida a todos os adultos com mais de 18 anos até 23 de agosto, e depois disso a vacinação dos adolescentes será iniciada.
Calendário estadual de vacinação em SP
- 37 a 39 anos: 8 a 14 de julho*
- 35 e 36 anos: 15 a 18 de julho
- 30 a 34 anos: 19 de julho a 4 de agosto
- 25 a 29 anos: 5 a 12 de agosto
- 18 a 24 anos: 13 a 20 de agosto
Vacinação para adolescentes
- 12 a 17 anos (com deficiência e comorbidades): 23 de agosto a 5 de setembro
- 15 a 17 anos (sem comorbidades): 6 a 19 de setembro
- 12 a 14 anos (sem comorbidades): 20 a 30 de setembro
*As datas podem mudar a depender do cronograma de cada município.
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