Vermont atrai público com pouco tempo para investir

Quando o empresário mineiro Bruno Martins se viu diante da primeira oportunidade de investir, não hesitou em procurar a assessoria de um banco. O pouco conhecimento do gerente, no entanto, fez com que ele se sentisse inseguro e partisse para uma corretora por indicação de um amigo. “A experiência já foi bem melhor do que aquela oferecida pelo banco e eu me vi diante de mais opções de produtos”, diz ele. Ainda assim, a rotina de reuniões e viagens a trabalho fez com que Bruno deixasse de atender por muitas vezes seu assessor de investimentos quando ele tinha produtos interessantes para lhe apresentar. Resultado: a carteira se tornava passiva demais. “Novamente, tive a impressão de que algo melhor poderia ter sido feito”, lembra. A situação só começou a melhorar quando Martins conheceu o serviço de carteira administrada de uma gestora de investimentos de Belo Horizonte: a Vermont Investimentos. “A experiência foi completamente diferente. Hoje, eu autorizo previamente os tipos de produtos que quero e eles fazem os investimentos sem que eu precise ficar autorizando cada aplicação. Uma vez por mês, fazemos uma reunião de acompanhamento.”

Carteiras administradas

O modelo de negócio da Vermont vai ao encontro da evolução do mercado de investimentos, hoje composto de assessorias mais sofisticadas e plataformas chamadas de “shoppings de investimentos” por contarem com um leque muito mais amplo de produtos do que os bancos tradicionais. A novidade é o serviço encontrado por Martins, a carteira administrada, por lei só prestado por gestoras de investimentos.

“Este tipo de serviço já existe há muitas décadas. A diferença é que, antigamente, só era acessível para investimentos de dezenas de milhões. A tecnologia mudou essa realidade e hoje é possível ter uma carteira administrada com aplicações a partir de 500.000 reais”, explica Daniel Sena, sócio-fundador da Vermont.

Como funciona

O serviço de carteira administrada depende, invariavelmente, de uma corretora ou banco. Neste caso, a gestora administra o dinheiro do investidor na própria conta dele, mediante autorização prévia por contrato. “O maior valor do serviço está no alinhamento de interesses e isso fica destacado na alta satisfação e na baixa evasão dos clientes das gestoras. É o serviço que cresce de maneira mais sustentável na indústria de investimentos”, diz Adalbero Cavalcanti, CEO da RB Investimentos, plataforma completa de investimentos do Grupo RB Capital.

Comportamento do investidor

Um mapeamento da AAWZ, consultoria que presta serviços para os escritórios de agentes autônomos representantes das corretoras, corrobora a tese de que o brasileiro está mudando sua forma de investir ao migrar dos bancos tradicionais para outras instituições. Segundo o estudo, até o final do ano, os cinco maiores bancos do país concentrarão cerca de 44% dos 3,4 trilhões de reais que representam varejo tradicional, alta renda e private banking (exceto previdência privada e pessoa jurídica). Mas a previsão é que, em 2022, essa participação caia para 40%, quando as seis maiores corretoras deverão concentrar 46% dos investimentos.

Os números do serviço de carteira administrada das gestoras são muito mais modestos. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), as gestoras tinham 262 bilhões de reais administrados via fundos exclusivos ou carteiras administradas em dezembro de 2020. “A principal razão de haver poucas casas especializadas em carteira administrada é que é muito difícil constituir uma gestora. O nível técnico exigido dos profissionais pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é muito alto. Já constituir um escritório de agente autônomo tem muito menos barreiras”, afirma Paulo Nunes, sócio responsável pela mesa de operações da Vermont. “Soma-se a isso o fato de que menos de 10% destas mesmas casas trabalham totalmente dedicadas ao serviço de carteira administrada. A grande maioria tem como carro-chefe a gestão de fundos abertos”.

O especialista ressalta que é comum que as corretoras usem o mercado americano como referência na hora de destacar a troca dos bancos pelas corretoras – o que, de fato, vem ocorrendo, já que a grande maioria dos investimentos nos Estados Unidos é feita por meio de corretoras. No entanto, é interessante notar que o mesmo mercado tem mais de 40% da poupança interna gerida por gestoras. “Para seguirmos a tendência do mercado americano precisaremos de muito mais gestoras no país, além de profissionais bancários que hoje ambicionem uma carreira em corretora considerem o modelo das gestoras”, afirma Sena. Foi o que fez Paula Moraes ao trocar o Banco Safra pela Vermont. “É um modelo completamente diferente e, para mim, o que mais pesou foi a divisão de atividades. Como há todo um time de analistas e comitê de investimentos cuidando das tomadas de decisão sobre as alocações, eu posso me dedicar muito mais à prospecção e ao relacionamento com meus clientes.”

Se os grandes bancos conseguirão reter seus clientes e conter a evasão de profissionais talvez seja cedo para dizer, mas sem dúvida novos players e novos modelos de assessoria vão dar trabalho para as tradicionais redes bancárias. O investidor só tem a ganhar com mais opções e mais concorrência no mercado.



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