5 perguntas sobre como as bolsas reagem aos cortes de juros

Nem todos os ciclos de cortes de juros ocorrem da mesma forma, pelo menos quando se trata da reação do mercado de ações.

O Federal Reserve (BC norte-americano) reduziu as taxas de juros mais uma vez ao divulgar um corte de 0,25 ponto percentual em seu comunicado de política monetária nesta quarta-feira (18), confirmando a maior parte das apostas. Foi a segunda redução feita pelo órgão este ano, depois de um corte da mesma magnitude na taxa em julho, o primeiro desde 2008.

Ainda na semana passada o mercado precificava uma probabilidade superior a 90% de que o Fed reduzisse em mais 0,25 ponto percentual sua taxa de empréstimos ‘overnight’, que passaram para a faixa entre 1,75% e 2%. A té então, estavam entre 2,00% e 2,25%.

Com base no desempenho passado do mercado de ações após um corte nas taxas, uma questão para o desempenho do mercado pode ser o quão terrível a economia está agora e quão bem-sucedido um Banco Central parece ter sido em evitar uma recessão, especialmente o Fed.

Após o fechamento do pregão local, é a vez de o BC brasileiro anunciar sua decisão sobre os juros, com o mercado apostando majoritariamente que o Copom capitaneado por Roberto Campos Neto reduzirá a taxa Selic de 6% para 5,5% ao ano.

Para a equipe da Guide Investimento, o mercado acionário brasileiro deve ter o desempenho condicionado à decisão do Fed ter vindo ou não em linha com o esperado. 

1. Qual a tendência das bolsas antes de ciclos de queda dos juros nos EUA?

Nos últimos oito ciclos de flexibilização [tendência de cortes de juros] desde 1981, quatro foram identificados como “de segurança” (quando surgiram problemas, mas a economia não estava em recessão), enquanto quatro ocorreram quando a economia estava entrando ou já estava em recessão, segundo uma pesquisa da Allianz Global Investors.

Após um ano, o índice S&P 500, referência em Wall Street, aumentou em média 20,4% durante os ciclos de corte “por segurança” nos juros, enquanto o índice caiu em média 10,2% durante os ciclos de pré-recessão, segundo a Allianz.

2. O que as small caps sinalizam durante períodos de flexibilização?

Outra distinção nos ciclos de flexibilização monetária: as ações de menor capitalização tendem a superar o desempenho das de grande capitalização, de acordo com pesquisa da Jefferies. As ações de empresas ‘small-cap’ subiram 28% no total nos 12 meses após o primeiro corte nos juros, em comparação a uma alta de 15% para as ‘large caps’, mostrou o estudo.

As empresas menores são percebidas como mais alavancadas ao estado da economia e têm maiores dívidas ou balanços mais fracos, de acordo com Steven DeSanctis, estrategista de ações da Jefferies. O raciocínio é que os juros mais baixos melhoram ambas as situações.

3. Como as bolsas se comportaram após um segundo corte de juros?

Após um segundo corte de taxa dentro de um ciclo, o que foi o desta quarta-feira, o índice Dow Jones subiu em média 20,3% um ano depois, segundo a Ned Davis Research.

“Talvez porque o segundo corte demonstre o compromisso do Fed ou talvez porque a liquidez do primeiro corte tenha começado a funcionar no sistema, os ganhos foram imediatos, com um salto médio de 9,7% três meses após o segundo corte”, disse em relatório recente Ed Clissold, estrategista-chefe da Ned Davis Research para os EUA.

4. Por que os mercados preferem um corte mais tímido do Fed?

O fato de o Fed parecer preparado para um corte de 25 pontos-base, ante um corte maior de 50 pontos-base, poderia ser um sinal de notícias melhores à frente para o mercado de ações.

Nos últimos 40 anos, quando os dois primeiros cortes em um ciclo de flexibilização foram de apenas 25 pontos-base, o S&P 500 sempre subiu seis e 12 meses depois, de acordo com Ryan Detrick, analista sênior de mercado da LPL Financial. Os retornos são mais mistos quando um dos cortes é de 50 pontos-base.

“A história sugere que os ‘bulls’ (otimistas) devem torcer por um corte de 25 pontos-base nesta semana, já que esses são mais vistos como ‘cortes de segurança’ versus uma redução de 50 pontos-base, o que poderia significar que o Fed vê problemas reais no caminho”, disse Detrick.

5. Como a bolsa brasileira costuma reagir a cortes de juros pelo Copom?

Ainda que o prêmio de risco do país fique menos atrativo em um ambiente de flexibilização monetária, juros mais baixos se traduzem em estímulos para a economia avançar. Isto beneficia todos os setores. No curtíssimo prazo, a bolsa pode realizar lucros logo após uma decisão de política monetária, geralmente quando as expectativas já precificadas se confirmam. Quando isso acontece, o ponto de atenção fica sobre o comunicado do BC indicando os próximos passos da política monetária.

Mas mesmo diante de um PIB fraco, a Selic em queda significa um “valuation” (o valor estimado de uma empresa) maior, como apontaram os analistas Thiago Salomão e Matheus Soares em relatório da Rico desta quarta-feira (18).

A lógica é a seguinte: o preço de uma ação na bolsa reflete a expectativa futura sobre aquela empresa. Essa expectativa é trazida a valor presente por uma taxa de desconto. “Quanto menor a taxa de juros praticada no mercado, menor será essa taxa de desconto – e quanto menor for o denominador, maior será o resultado final de uma divisão”, explicam os analistas.

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