Ambições de Wall Street na China enfrentam barreira crescente

Um dos maiores bancos de Wall Street deixou de informar o chefe de sua subsidiária na China continental sobre estratégias confidenciais da empresa, para evitar que o governo tivesse acesso ao conteúdo ou exigisse detalhes posteriormente.

Em afiliadas de outros bancos dos Estados Unidos e da Europa, executivos gastam dezenas de milhões de dólares para armazenar localmente dados financeiros e estabelecer controles internos. Algumas unidades até consideram remodelar os balanços para separá-los das matrizes.

Estas são apenas algumas das muitas manobras nos bastidores adotadas por subsidiárias chinesas de empresas financeiras globais, enquanto tentam navegar pelas tensões elevadas entre as duas maiores economias do mundo, bem como pelas novas regras em nome da segurança nacional. JPMorgan Chase, Morgan Stanley e HSBC fazem parte de uma longa lista de gigantes do setor bancário com laços profundos e uma longa história na China.

Resultado: unidades de bancos americanos e europeus estão “cercando” suas operações na China em uma escala raramente vista nas finanças internacionais modernas. Subsidiárias bancárias que gigantes globais antes consideravam fundamentais para sua expansão nas décadas futuras agora operam com maior independência e, em alguns casos, de forma menos competitiva.

As medidas e seu impacto são tão delicados que mais de uma dúzia de executivos e outras pessoas informadas sobre o assunto falaram apenas na condição de que elas e suas empresas não fossem identificadas.

No geral, os problemas minam o sonho que potências de Wall Street perseguiam há apenas alguns anos. Em 2020, o governo chinês pôs fim a uma era de frustração para bancos de investimento globais ao afrouxar as regras que permitem o controle total das joint ventures criadas com parceiros locais na China continental. Os líderes bancários esperavam integrar essas empresas em suas franquias poderosas para competir melhor por acordos e trading na crescente economia do país.

Agora, com a desaceleração da atividade econômica da China e a evolução das políticas, esses esforços são mais desafiadores e as unidades locais assumiram um papel secundário diante dos gigantes nacionais.

“Veremos mais barreiras e isolamento”, disse John O’Connor, ex-presidente do conselho da JPMorgan Alternative Asset Management, que atuou no comitê de risco da empresa e agora dirige a J.H. Whitney Data Services, especializada em gerenciamento de riscos. “Em algum momento, o retorno realmente vale o risco?”.

Novas regras

A preocupação mais iminente dos bancos é cumprir as novas e rigorosas regras da China que limitam a capacidade das empresas de transferir dados da área continental através das fronteiras. Isso leva muitos bancos e gestoras de ativos a criar centros de dados onshore, aumentando custos e barreiras de gestão.

O processo de separação de informações na China de outros lugares e de localização de tecnologia é tão complicado que o Citigroup – que chegou depois – teve de adiar a criação de sua unidade de valores mobiliários na China, onde tem 100% do controle, informou a Bloomberg em dezembro. Outros bancos, como o Goldman Sachs e o UBS, trabalham nessa questão há anos.

Mas executivos dizem que as dores de cabeça com o gerenciamento de dados são apenas parte do problema. A maior preocupação é com a possibilidade de que as tensões entre os EUA e a China no comércio ou sobre Taiwan possam algum dia piorar rapidamente – colocando potencialmente em perigo sua capacidade de operar subsidiárias que levaram décadas para serem construídas.

Planos cancelados

Um grande banco europeu que opera na China descartou alguns de seus planos de vender títulos garantidos por ativos, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto, que pediu para não ser identificada. As regras impediram a empresa de fornecer detalhes de empréstimos automotivos a investidores estrangeiros que desejassem mais informações para a devida diligência.

Alguns executivos da indústria têm esperança de que os líderes da China possam esclarecer as regras ou criar formas para que empresas internacionais possam cumpri-las mais facilmente.

No mínimo, as instituições esperam mais clareza nas regras de dados, para que não entrem acidentalmente em conflito com o que autoridades consideram aceitável.

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