Apesar de alta em fevereiro, varejo deve ter semestre negativo

O crescimento de 0,6% do varejo em fevereiro não representará alívio para o setor no primeiro semestre de 2021, avaliam economistas ouvidos pela EXAME. A atividade deve fechar os dois primeiros trimestres do ano com contração significativa, segundo os especialistas, mesmo com o resultado das vendas divulgado nesta terça-feira, 13.

O economista Arthur Mota, da Exame Invest PRO, braço de análise de investimentos da Exame, avalia que o aumento registrado em fevereiro, além de estar dentro da expectativa, representou em boa parte uma recomposição do índice de vendas, que caiu em janeiro. Ele ressalta que o aumento não anularia as quedas se considerado também o mês de dezembro.

“Isso tem uma importância muito forte. Dá aquela impressão de que o varejo estava muito forte em fevereiro. Mas se você não consegue nem anular essas duas quedas, o efeito para o trimestre fica muito ruim”, afirma.

Arthur Mota, da Exame Invest PRO, braço de análise de investimentos da Exame

Além disso, a eclosão da fase mais intensa da pandemia em março colocou por água abaixo qualquer previsão de continuidade de recuperação. Segundo o economista, a expectativa para o fechamento do trimestre é de uma queda intensa que deve marcar também o segundo trimestre, mesmo com a possibilidade de flexibilização do isolamento.

“O resumo nesse primeiro semestre é de uma atividade mais fraca. A gente não vai ter uma contração tão forte como no ano passado, o país já se adaptou mais ao cenário de pandemia, mas as alavancas de recuperação também são diferentes”, avalia.

Uma retomada de vendas a partir de maio, com a flexibilização das restrições de circulação e funcionamento do comércio caso os números da pandemia reduzam, também não deve ocorrer de forma intensa, segundo o economista. A contração dos índices de confiança do consumidor deve seguir impactando negativamente o setor.

A alta da inflação é outro entrave para a retomada do consumo da população. Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, a tendência é que o aumento de preços principalmente dos alimentos ocasione a substituição no consumo e consequente redução da compra de outros bens.

Com um aumento do IPCA acumulado nos últimos 12 meses de 6,1%, o Copom já sinalizou para um novo aperto monetário com o aumento da Selic em maio, levando a taxa a 3,5%.

Projeção do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar) para abril indica que a inadimplência não deve crescer, se mantendo em 4,1%, valor que representa leve queda, de 0,03% em relação a fevereiro, e estabilidade em relação à projeção para março. Segundo o presidente da entidade, Claudio Felisoni de Angelo, o baixo índice é consequência dos níveis baixos de consumo do brasileiro. “Com o cenário cada vez mais instável, o consumidor tem optado por frear os gastos, o que auxilia para essa queda nos números ”, afirma.

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