Bancos aumentam juros em linhas de crédito para empresas

Mesmo com queda da Selic, as taxas do cheque especial e de capital de giro eram menores há dois anos do que hoje

São Paulo – Está se transformando em algo usual. Os maiores bancos brasileiros anunciam redução de juros assim que o Comitê de Políticas Monetária (Copom) divulga corte da taxa básica da economia, que hoje está em 4,25% ao ano. É possível que esse movimento se repita nesta semana quando a autoridade monetária volta a se reunir para decidir se mantém ou reduz novamente a taxa Selic. Apesar dos cortes nos juros bancários, os percentuais cobrados pelas instituições estão muito acima do patamar da Selic. Mas não é só isso. Nem todas as linhas de crédito são contempladas com reduções – na verdade, há casos em que a trajetória de juros é ascendente.

É o caso da linha de capital de giro prefixada de 365 dias para empresas do Santander. Há dois anos, a taxa era de 25,82%, passou para 35,34% e atualmente está em 49,71%. Nessa categoria, os juros mais baratos dentre as cinco maiores instituições são do Banco do Brasil, que cobra 13,11% ao ano, de acordo com dados do Banco Central. Mas no ano passado essa taxa era mais baixa, de 13,05%. O Itaú vem em seguida com 13,57%, o Bradesco com 21,18% e depois a Caixa com 34,30%.

Taxa de capital de giro até 365 dias (em %)

Banco mar/18 mar/19 mar/20
BB 19,61 13,05 13,11
Bradesco 26,33 21,82 21,18
Caixa 46,82 40,32 34,30
Itaú Unibanco 22,91 23,88 13,57
Santander 25,82 35,34 49,71

Especialistas recomendam que os empresários negociem com os gerentes melhores condições de pagamento, especialmente agora que a pandemia de coronavírus pode afetar vários setores econômicos. Foi pensando em ajudá-los, inclusive, que os cinco maiores do bancos do país anunciaram nesta segunda-feira (16) que podem prorrogar a cobrança dos empréstimos em até 60 dias. A iniciativa é voltada apenas para quem está em dia com os pagamentos e para aqueles que já contrataram a linha de crédito. Ou seja, não vale para novos empréstimos.

A medida joga a favor do consumidor. Mesmo assim, segundo especialistas em finanças pessoais, é imprescindível fazer pesquisa de preço. Afinal, juro é um custo e quanto menor melhor. Vale até mesmo pedir portabilidade para instituições seguras que cobram menos taxas e dão melhores condições de pagamento.

“O banco de origem não pode se negar a fazer essa operação, mas nada impede que ele ofereça melhores condições de crédito para seu cliente. Do lado do cliente, é importante pesquisar para achar a proposta que lhe for mais vantajosa”, diz o BC, em documento. “Para ter direito ao benefício de isenção de imposto e de tarifa na operação, é preciso que o cliente (correntista) informe ao banco que originalmente concedeu o crédito que se trata de uma operação de portabilidade. Se o cliente simplesmente fizer a quitação antecipada com os recursos tomados de outra instituição, pagará imposto sobre operações financeiras e tarifa.”

Mas não é somente na linha de capital de giro que bancos aumentaram as taxas, apesar da queda da Selic. Isso também acontece com o cheque especial, que é muito usado por micro e pequenos empreendedores. Com exceção dos bancos públicos (BB e Caixa), os privados aumentaram os preços cobrados das empresas nos últimos dois anos.

Taxa de cheque especial (em %)

Bancos mar/18 mar/19 mar/20
BB 358,43 363,26 83,75
Bradesco 309,24 375,63 392,31
Caixa 361,99 353,00 206,72
Itaú Unibanco 341,23 356,98 358,28
Santander 364,22 371,42 375,28

Veja também as taxas cobradas de desconto de cheque e desconto de duplicata.

Taxa de desconto de cheques (em %)

Bancos mar/18 mar/19 mar/20
BB 42,16 36,42 31,91
Bradesco 35,74 36,55 33,28
Caixa  48,18 39,01 31,26
Itaú Unibanco 40,25 33,41 27,73
Santander 35,89 32,30 31,57

 

Taxa de desconto de duplicata (em %)

Bancos mar/18 mar/19 mar/20
BB 21,51 25,02 19,66
Bradesco 19,83 19,40 12,01
Caixa  52,26 38,03 31,85
Itaú Unibanco 22,54 21,68 17,48
Santander 19,69 18,92 15,21

 

Procurados, os bancos não se manifestaram até a publicação dessa matéria.

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