Bia Haddad pode repetir a Guga mania dos anos 1990?

A Guga mania pode parecer uma expressão estranha para quem não acompanhou o tênis no fim dos anos 1990. Não foi assim uma febre como a Barbie. Mas o estilo de camiseta colorida e cabelão fez sucesso, marcas patrocinadoras como a Diadora ganharam visibilidade, as academias de tênis começaram a ficar lotadas de crianças querendo repetir o sucesso do ídolo.

Gustavo Kuerten esteve até nas novelas. Ele chegou a fazer uma ponta no primeiro capítulo de A Vida da Gente, em 2011, de sua cidade, Florianópolis. Esteve também no ano seguinte no estúdio do Projac, da TV Globo, no Rio de Janeiro, para participar das gravações de Amor Eterno Amor, a favorita de sua avó.

Guga virou referência ao conquistar Roland Garros, na França, em 1997. Depois, viria ganhar mais duas edições do mesmo torneio. Foi número 1 do ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais). E o mais surpreendente: levou o tênis ao pódio dos esportes mais praticados no Brasil, atrás somente do futebol.

Gustavo Kuerten

Guga em Roland Garros, em 1997: título e euforia (Moenkebild/ullstein bild/Getty Images)

R$ 22 milhões em premiações

Depois que Guga se aposentou, o interesse pelo esporte diminuiu. Depois de muito tempo, o tênis brasileiro ganha um profissional de carisma. Melhor ainda: trata-se de uma mulher.  Aos 27 anos, Beatriz Haddad quebrou recordes com exibições históricas nas últimas edições de Roland Garros e Wimblebon e agradou o público com seu jeito simático e transparente.

Em Roland Garros, Bia caiu na semifinal para a agora tricampeã do torneio, Iga Swiatek. Pela primeira vez na história da era aberta do tênis uma brasileira entrou no top 10 do ranking da WTA. Guga, por sinal, havia sido o último brasileiro a aparecer entre os top 10, isso há 21 anos, em 2002.

Bia já arrecadou 22 milhões de reais em premiações. Desse total, 40% foram acumulados neste ano. A grande pergunta que fica é se ela vai conseguir ocupar o lugar de Gustavo Kuerten, nas primeiras posições do  ranking e como ícone do tênis nacional.

Presença das redes sociais

“Os feitos esportivos de Guga mudaram o interesse pelo esporte de patamar no Brasil. Ainda que Bia não tenha atingido os mesmos feitos esportivos, tem apresentado performances admiráveis, batendo recordes para uma tenista feminina no Brasil e contando com uma grande cobertura da mídia”, diz Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.

Martinho destaca a presença de Bia nas redes sociais. “Não só em seus canais, mas também de seus patrocinadores, sobretudo pela figura que transcende o esporte e ocupa pautas de igualdade, empoderamento e estilo de vida”, afirma.

“Apesar de estourar um pouco tardiamente entre as principais atletas mundiais, Bia vem conquistando muitos fãs com seu jeito carismático, humilde, simples e discreto de ser”, afirma Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo. “Para o bem do tênis, torço para que o fenômeno tenha um efeito positivo para o mercado, ou seja, que os responsáveis saibam aproveitar melhor esse momento do que foi realizado na época do Guga.”

Novas receitas para Bia

“Ainda é cedo para falar de uma Bia mania como aconteceu com o Guga, mas o interesse das pessoas e do mercado por ela reforçam alguns pontos”, destaca Armênio Neto, especialista em negócios do esporte e sócio-fundador da Let’s Goal. “O esporte vive de ídolos e das histórias que eles constroem, muitas vezes independentemente dos títulos conquistados. E o tênis é um esporte que pode não ter milhões de praticantes, mas gera muito interesse e audiência.”

“Talvez ainda falte um pouco mais para ela alcançar o patamar do Guga, mas tempos de redes sociais e em que os negócios estão ainda mais em evidência do que antigamente, a Bia tem uma oportunidade enorme de capitalizar isso em torno de novas receitas, aproveitando o status maravilhoso que ela possui, dentro e fora das quadras, para também oferecer serviços que gerem engajamento ao público”, afirma Henrique Borges, CEO da Somos Young.

Bia desponta em um momento de equilíbrio no tênis feminino, com diversas jogadoras disputando os principais torneios e as primeiras colocações. A campeã de Wimbledon deste ano foi a tcheca Marketa Vondrousova, então número 46 do ranking. A brasileira se recupera de uma lesão nas costas que a tirou das oitavas de final do Grand Slam inglês. A expectativa é que ela se recupere para participar dos torneios de Montreal e de Cincinatti, em quadra dura, como preparatórios para o US Open, que começa no dia 28 de agosto. E dê sequencia à Bia mania.

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