Demitido por não ter perfil para o setor, executivo tem construtora com R$ 1,5 bilhão de VGV

O embrião do empreendedorismo surgiu na vida de Alex Sales como necessidade. Ainda pequeno, queria uma bicicleta e a mãe, uma pequena comerciante em Vila Velha, no Espírito, não tinha o dinheiro para comprar o brinquedo. O garoto decidiu que ia fazer bolo e “chupe chupe” – conhecido também como gelinho, geladinho e sacolé, a depender da região – para vender em uma fábrica de roupas que tinha perto de casa.

Agora, aos 36 anos, tem uma construtora no sul do país com o Valor Geral de Vendas (VGV) a lançar de R$ 1,5 bilhão, a Alumbra Empreendimentos Design criada em abril de 2021, em Balneário Camboriú, Santa Catarina. A empresa atua no mercado de alto padrão com apartamentos de duas e quatro suítes, em valores que partem de R$ 850 mil e chegam a R$ 6 milhões – a média é de R$ 1,2 milhão.

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O foco é em cidades litorâneas ou regiões com clientes endinheirados, como Balneário Camboriú, Itapema e Itajaí, no estado de Santa Catarina, e Curitiba, no Paraná. Os quatro municípios estão entre os dez com metro quadrado mais caro no país, segundo dados do Índice Fipe Zap de outubro deste ano.

O primeiro lançamento da Alumbra foi em Porto Belo, em Santa Catarina, com R$ 85 milhões de VGV e tem 50% das unidades vendidas. O segundo está previsto para janeiro de 2023, um prédio na Praia Brava, em Itajaí, com R$ 150 milhões de VGV.

Além dos dois dos empreendimentos, o montante de R$ 1,5 bi contempla outros dez, distribuídos por lugares como Balneário Perequê, Balneário Piçarras e Balneário Camboriú, Itapema e Itajaí, cidades em Santa Catarina; e Batel, região de alto padrão em Curitiba, no Paraná.

A previsão é de que todos sejam lançados no intervalo de quatro anos. Enquanto isso, a empresa observa outros destinos para levar o seu modelo negócios. Entre as opções atuais, Minas Gerais, estado natal de Sales, nordeste e a cidade de Sinop, no Mato Grosso.

O executivo tem como sócio no empreendimento o holandês Franciscus Van de Weijer, conhecido como o rei das orquídeas no Brasil e fundador da Ecoflora em 2000. Os dois detêm 90% da empresa, 45% cada. Os 10% restantes pertencem a um sócio cotista responsável por apresentá-los.

Como chegou neste momento

Sales se mudou para o Espírito Santo ainda criança com a mãe quando os pais se separaram. Ele conta que teve que trabalhar desde cedo e passou por várias áreas até entrar no mercado imobiliário, incluindo cabeamento de redes, assessoria parlamentar na Câmara Municipal de Villa Velha e na Assembleia Legislativa do estado.

Quando terminou a faculdade de sistemas de informação, curso que fez incentivado pela da mãe e do qual não gostava, retornou ao estado natal – ele nem chegou a entregar o TCC. Na família, o seu estilo de vida, com muitas festas e eventos, não era bem visto e gerava a descrença de que não seria “alguém na vida”.

“Nem a minha mãe nem a minha família acreditavam em mim. Todo mundo me julgava, acho que isso que me deu força para querer mostrar do que eu era capaz”, diz.

Em Belo Horizonte, teve a sua primeira experiência com o universo de venda de imóveis. Três meses depois foi demitido: não tinha perfil.

Persistiu no mercado e foi atrás da Brasil Brokers, referência na indústria de corretagem de imóveis. “Eles me aceitaram e no meu primeiro mês eu vendi seis apartamentos, ganhei um carro de premiação e assim começou a minha história no mercado imobiliário”, afirma o executivo.

Ao longo dos seus 14 anos nesse meio, o executivo foi acumulando histórias e experiências. Criou uma corretora própria ao sair da Brasil Brokers e mais tarde lançou uma plataforma que comercializava imóveis frutos de distratos – rescisão de contratos -, após o boom do setor no país nos primeiros anos da década passada.

Quando resolveu se mudar para o Santa Catarina em 2015, estado que conhecia desde 2010, começou a atuar como consultor para empresas do mercado, contribuindo para com a venda de imóveis, posicionamento de mercado etc. O último trabalho antes de lançar a própria imobiliária foi em uma outra construtora, antiga cliente, na qual exerceu o cargo de diretor comercial e de marketing. Lá, chegou a contabilizar R$ 250 milhões aproximadamente em vendas e R$ 750 milhões de VGV a lançar.

O que a empresa oferece de diferente

Ao decidir criar a Alumbra, Sales procurou conectar o desejo de empreender a um propósito “para deixar um legado”. A Alumbra destina cerca de 2% do VGV para a construção de casas populares para moradores da cidade onde está subindo o empreendimento. As prefeituras locais entram com o terreno e a empresa faz os imóveis.

Em Porto Belo, sede do primeiro edifício, serão doadas 10 casas para famílias cadastradas no sistema de assistência social do município. De acordo com o empresário, serão moradias com áreas de 125 metros quadrados e quatro cômodos. A preço de mercado, custariam entre R$ 80 mil e R$ 110 mil.

Já em Itajaí, onde será o segundo empreendimento e que terá um VGV mais elevado, a promessa é de 15 casas. “O nosso objetivo é de fato usar a construção para impactar tanto quem recebe essa casa como doação quanto os nossos clientes, os corretores e todos os nossos fornecedores”, afirma. A atriz Aline Campos, antes conhecida como Aline Riscado, é embaixadora do projeto.

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