Economia circular: empresas praticam por sobrevivência e nem sabem

Quando praticada no Brasil, a economia circular se associa muito à pratica do reuso e da reciclagem. Mas o modelo é mais do que isso.

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24 set 2019, 06h00

São Paulo — Hoje, 76% das empresas brasileiras desenvolvem alguma iniciativa de economia circular, segundo levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A maior parte (70%), porém, não sabe que as práticas se enquadram nesse conceito e diz que nunca havia ouvido falar sobre ele antes da pesquisa.

A economia circular reúne ações para alongar a vida útil de produtos e materiais, e com isso fazer um uso mais eficiente de recursos naturais. A ideia é que os produtos podem ser recuperados depois de passarem por um ciclo de restauração.

Quando praticada no Brasil, a economia circular se associa muito à pratica do reuso e da reciclagem, que é o final da cadeia de vida de um bem. Mas o modelo é mais do que isso, segundo Davi Bomtempo, gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

“Economia circular é para ser pensada desde o início da produção. No momento em que a empresa pensa em desenvolver produtos mais duráveis ou de fácil manutenção”, por exemplo, diz o especialista.

A porta de entrada para esse tipo de economia no Brasil, diz ele, foi a busca por menores emissões de carbono durante o processo produtivo, uma premissa exigida para acordos entre países.

A redução de custos é outro objetivo que as empresas buscam com a adoção de práticas de economia circular, segundo 75,9% dos entrevistados. O percentual é idêntico aos que responderam que suas empresas utilizam a matéria prima ao máximo, sem desperdícios.

60% das empresas entrevistadas entendem que a prática pode gerar empregos, de acordo com a pesquisa. Ela revela também que a maioria das empresas que adotou práticas de economia circular foi motivada pela busca por maior eficiência operacional, com 47,3% das respostas. Na sequência, aparece como razão a oportunidade de novos negócios, com 22,6%.

A pesquisa traz ainda que 72,4% dos empresários consideram que a economia circular pode gerar a fidelização do cliente.

O levantamento da CNI levou em consideração 1.261 empresas industriais da área correlacionada ao tema, escolhidas de forma aleatória, considerando a abrangência nacional. O campo foi feito com 170 indústrias. A margem de erro é de 5,5% para mais ou para menos.

Apesar de ser relativamente nova no Brasil, essa agenda já está mais amadurecida na Europa, e pode servir de motivação também para uma migração da produção em si para um serviço que utilize produtos já desenvolvidos.

“Economia circular é você fazer mais com menos. Serviços como os oferecidos por Uber, Airbnb e até lavanderias vão nessa linha”, afirma o gerente-executivo.

Além de conscientizar as empresas sobre esse modelo econômico, é preciso, segundo Bomtempo, deixar o processo de reciclagem mais barato no Brasil. “É mais caro usar o produto reciclado aqui, porque, ao longo das fases da cadeia de produção, o bem acumulando tributação”, diz ele. Ou seja, a parte regulatória desse processo ainda precisa evoluir.

O Fórum Econômico Mundial tem desde 2017 um projeto junto com a fundação Ellen MacArthur para identificar inovações da economia circular que podem ser impulsionadas nos negócios.

A iniciativa é liderada por 40 CEOs, ministros e chefes de organizações internacionais e conta com parcerias público-privadas.

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