Entendendo ESG: a parte social (o S do ESG), por Renata Faber | Invest

Por Renata Faber, head de ESG da EXAME

O S é uma das partes mais complexas do ESG. Como escrevemos anteriormente, estamos saindo de um capitalismo de acionista para um capitalismo de stakeholder.

Hoje, as empresas têm de buscar construir laços fortes com seus clientes, colaboradores e fornecedores, ao mesmo tempo em que ajudam a comunidade na qual estão inseridas.

Analisar a esfera social é ver como as empresas se relacionam com seus principais stakeholders e quais as oportunidades e os desafios que as mudanças demográficas trazem. Muitas pessoas confundem a parte social do ESG com filantropia.

Na nossa opinião, filantropia é muito importante. No entanto, quando pensamos em ESG, o principal ponto é as empresas conseguirem, com seu negócio e suas práticas, causar um impacto social positivo na sociedade.

Clientes

A tecnologia, aliada a novos hábitos de consumo, tem acelerado o surgimento e o crescimento de novas indústrias e empresas, ao mesmo tempo em que vários negócios que pareciam sólidos estão passando por uma disrupção.

Entender o que o cliente quer, as novas tendências de consumo e procurar satisfazê-lo se tornou essencial. Os antigos líderes de mercado ou monopolistas, que acreditam que não precisam tratar bem os clientes porque têm uma posição dominante, terão de se reinventar.

Nesse cenário, é essencial olhar o NPS (net promoter score, uma ferramenta que mede a satisfação dos clientes). Empresas com alto NPS são empresas que colocam o cliente em primeiro lugar, muitas vezes sacrificando o resultado de curto prazo porque entendem que, para satisfazer os clientes, é necessário investir em novos produtos e em novos processos produtivos.

Empresas com alto NPS são empresas que investem em treinamento e valorizam seus funcionários, pois são eles que trazem novas ideias e estão na linha de frente com os clientes.

Por fim, as empresas com alto NPS investem em inovação (pois satisfazer os clientes continuamente exige mudanças ao longo do tempo) e segurança, pois seus produtos não podem oferecer riscos ao serem usados (por exemplo, brinquedos) e os dados de seus clientes não podem ser expostos (por exemplo, instituições financeiras).

Colaborador

O capital humano é essencial para o sucesso de uma organização. Atrair talentos, treinar e retê-los continua sendo essencial para uma organização, mas talvez agora seja mais difícil. Enquanto no passado as pessoas eram atraídas pela remuneração e pelos benefícios, atualmente as empresas têm de também oferecer um propósito.

Uma empresa que promova a diversidade (de gênero, étnico-racial, orientação sexual) e que cause impacto social e ambiental tem mais chance de atrair talentos das novas gerações (millennials e geração Z). Os principais indicadores que precisamos olhar aqui são diversidade, turnover e investimento em treinamento.

Comunidade

Não basta apenas gerar empregos, pagar impostos e realizar investimentos, as empresas têm de se preocupar com o impacto social e ambiental que causam. O impacto social inclui também ajudar as comunidades nas quais a empresa está inserida — aqui, a gama de projetos é grande, podendo incluir projetos que ajudem na educação, na saúde e na segurança da comunidade.

Trabalhar pelas comunidades não é apenas filantropia: ao melhorar a educação na sua vizinhança, por exemplo, as empresas também têm acesso à mão de obra mais qualificada. Ao conseguir gerar empregos para a comunidade, a empresa aumenta a renda da região, o que traz inúmeras externalidades, como maior segurança.

Fornecedor

Em um mundo onde a necessidade de inovação é constante, o fornecedor passa a ter um papel de parceiro. Em muitos casos, um novo produto e uma nova tecnologia demandam um trabalho conjunto com os fornecedores, que passam a investir e tomar risco junto com seus clientes.

Além disso, as empresas são responsáveis por garantir a sustentabilidade em toda a cadeia de fornecimento — isso é mais relevante para determinadas indústrias (por exemplo, têxtil e alimentos), mas virou uma realidade para todas.

Nesse novo cenário, as grandes empresas que eram conhecidas por “espremer” seus fornecedores e só se preocupavam com o custo podem ter de rever seu modo de atuação, pois precisam ter o fornecedor como um parceiro que garante a sustentabilidade de toda a cadeia e também ajuda em soluções de inovação.

Mudanças demográficas e nos padrões de consumo

Dentro da análise do S, também precisamos entender como as mudanças demográficas e nos padrões de consumo podem impactar uma companhia. Envelhecimento da população, urbanização, aumento de renda, novos hábitos dos millennials… todos esses pontos podem trazer riscos e oportunidades para as empresas.

Quer saber como as mudanças climáticas afetam o dia a dia dos negócios? Assine a EXAME. 



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