Fundos de renda fixa cobram até 4,5% de taxa de administração. Veja lista

São Paulo – Um movimento recente causou um burburinho na internet: a constatação de que alguns fundos de renda fixa passivos oferecidos no mercado cobravam até 5,5% de taxa de administração em um momento no qual a Selic está na mínima histórica, o patamar de 5,5%.

Pressionados, alguns bancos, como o Santander, resolveram reduzir suas taxas, mas ainda existem diversos produtos com valores que chegam a 4,5% ou podem chegar a 5%. É o que aponta um levantamento da Economatica. Em alguns casos as taxas de administração seguem as mesmas desde 2017. Desde então, a Selic caiu praticamente pela metade.

Segundo especialistas, esses fundos, por aplicarem 95% de suas carteiras em títulos públicos e operações compromissadas, não deveriam cobrar mais do que 0,5% de taxa de administração, a exemplo dos ETFs, que também são fundos passivos, acompanham a taxa DI e não exigem uma gestão sofisticada. Existem fundos de passivos que inclusive já zeraram suas taxas de administração, como o da Rico.

Uma simulação no site do Tesouro Direto mostra como uma taxa de administração de 4% pode acabar com rendimentos.

Caso o investidor decida investir 5 mil reais no Tesouro IPCA+ 2024 pela plataforma de venda de títulos públicos irá resgatar, ao final do prazo, 6.390 reais, já líquido de impostos e taxas. Ou seja, terá uma rentabilidade de 5,21%.

Já em um fundo DI com taxa de 4% o investidor teria 5.231 reais no vencimento do título. Ou seja, uma rentabilidade pífia de 0,94%. No mesmo período, caso deixasse o dinheiro na poupança, o investidor teria 6.198 reais, um retorno de 4,54%.

Entre os fundos passivos com maior taxa está o Super do Banrisul, que cobra 4,5% de taxa de administração; o Mapfre Soberano e o Aspecir Soberano JMalucelli, que cobram taxa de administração de 3%. O Safra Executive Plus derrubou sua taxa de administração de 4,3% para 2%, mas ainda aparece na lista.

Alguns fundos não divulgam a taxa de administração cobrada, apenas a taxa máxima. Entre eles, os que têm a maior taxa são o Caixa Prático (5%), o Caixa Liquidez (3,10%) e o BB Supremo Setor Público (3%).

Os fundos que mais reduziram taxas de administração e taxas máximas de administração recentemente pertencem a três grandes bancos: Santander, Safra e BB.

Contudo, são poucos os fundos que ainda cobram taxas exorbitantes, diz o professor. “Entre mil fundos que analisamos na FGV, apenas 12 cobram taxas de administração maiores do que 4%, sendo que oito deles são voltados para o público de alta renda”.

Conveniência e incerteza

Para Michel Viriato, professor do Insper, os grandes bancos acabam cobrando conveniência. “Mas isso não quer dizer que só existam fundos ruins em bancos”, pondera.

Fábio Gallo, professor de finanças da PUC-SP, aponta que é importante buscar um fundo de renda fixa passivo mais barato porque, mesmo com a Selic baixa, pode valer a pena investir no produto. “Os fundos DI são importantes em uma carteira diversificada”. Ele não vê sentido na cobrança de taxas tão altas no produto. “A tecnologia já diminuiu boa parte dos custos de uma gestora”.

Para William Eid, professor do Instituto de Finanças da FGV, o cenário exige uma adaptação. “As gestoras de fundos terão de aumentar seu volume ou diversificar cada vez mais produtos para compensar a queda das taxas”.

Ele argumenta que muitos gestores podem demorar para ajustar taxas ao novo cenário da Selic porque temem que o cenário de juros baixos não se sustente. “Não sabemos se o movimento é sustentável. A Selic não está baixa porque chegamos no patamar dos países civilizados, mas porque temos milhões de desempregados que não estão indo às compras e não criam pressão inflacionária”.

Veja abaixo o levantamento da Economatica, que incluiu fundos com taxas iguais ou acima de 2%. “Muitas gestoras pequenas quebrariam se derrubassem as taxas para 0,5%”, diz Eid, da FGV.

Fundos com maior taxa de administração

Fundos com maior taxa máxima de administração

Fundos que mais reduziram taxas de administração máxima

Taxa não deve ser única referência

Ainda que fundos passivos exijam que as taxas de administração cobradas sejam mais baixas, já que dispensam uma gestão sofisticada, para Michel Viriato, professor do Insper, existe uma preocupação exagerada com relação a taxas. “O que cobra menos não necessariamente rende mais. Dessa forma, todos os fundos convergem para a mediocridade”.

Ele aponta que mesmo entre os fundos de renda fixa podem haver produtos que precisem cobrar uma taxa maior. “Tem os fundos DI, mas também tem os que investem em crédito privado, que exigem uma análise maior do gestor”.

Para Eid, se o fundo cobra uma taxa alta, mas dá um bom retorno, está fazendo um bom trabalho. “É difícil encontrar um fundo que cobre uma taxa alta que não dê como retorno ao menos o CDI”.

Para Viriato, a taxa deve ser mais um componente na análise do fundo, mas não o principal. “O foco principal deve ser a rentabilidade. A qualidade da equipe de gestão também deve ser considerada”.

 



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