Movile, dona do iFood, recebe seu maior aporte: R$ 1 bilhão da Prosus

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A Movile, empresa investidora em startups como iFood, MovilePay, Zoop, Afterverse, Sympla e PlayKids, entre outras, acaba de receber um novo aporte de 1 bilhão de reais (cerca de 200 milhões de dólares) do grupo holandês Prosus. É o maior investimento em uma rodada desde a criação da Movile, em 1998. O novo valuation não foi divulgado.

A Prosus, um dos maiores grupos que investem em companhias de tecnologia do mundo e controlado pelo Naspers, da África do Sul, é o principal investidor da Movile desde 2008.

Os recursos serão utilizados majoritariamente para acelerar o crescimento das empresas que representam as quatro principais teses de negócios da Movile: iFood (delivery de refeições, supermercados etc.), Zoop e MovilePay (serviços financeiros digitais), Mensajeros Urbanos e Moova (logística na última milha, o last mile) e Afterverse (games).

“O nosso maior aporte reflete o otimismo com o ecossistema de tecnologia brasileiro e latino-americano e mostra o nosso comprometimento com esse mercado”, disse Patrick Hruby, CEO da Movile, à EXAME.

“Vamos aportar recursos nas startups para crescer de forma orgânica, com contratações e marketing, além da expansão de forma inorgânica, com potenciais M&As (fusões e aquisições, na sigla em inglês)”, afirmou Hruby. “É uma fortaleza da Movile. Nos últimos três anos foram mais de 30 M&As para avançarmos nessas teses.”

Nesse período de três anos, a Movile cresceu a um ritmo anual acima de 80% nas receitas, como reflexo, segundo o executivo, de um portfólio balanceado e em diferentes estágios de evolução das teses do grupo em mercados em forte expansão.

“O histórico de sucesso da Movile se deve a uma cultura inovadora e à visão de negócios. Eles são um investidor estratégico com sólido conhecimento e experiência no mercado latino-americano, o que garante muito valor às pessoas, à cultura, à administração, às finanças e ao desempenho da companhia”, disse Roger Rabalais, CFO da Prosus Food e presidente do conselho da Movile.

Hruby disse a escolha da capitalização por meio de rodada com os investidores atuais se deu pela disposição dos mesmos de continuar a aportar recursos.

“Avaliamos a alternativa da entrada de novos investidores e a de um IPO, mas abrir o capital não está nos planos de curto prazo.”

A maior parte do investimento será destinada para a tese mais madura e que, portanto, demanda um volume maior de capital, segundo o executivo: o iFood. “Estamos explorando várias frentes de crescimento além de comida, como mercados, outros países e entregas expressas, em 15 minutos”, explicou Hruby.

Segundo ele, os recursos estarão concentrados em recrutamento de profissionais em tecnologia — são mais de 600 vagas abertas em todas as companhias do grupo. A Movile conta com mais de 5.000 funcionários.

“A pandemia acelerou a tendência do e-commerce em alguns anos e nós acreditamos que isso não volta. O consumidor descobriu a praticidade de receber produtos em casa”, afirmou Hruby, que chegou à Movile como CEO em 2019 depois de uma experiência de 14 anos somados no Google e no Facebook (sete anos em cada um).

O iFood realiza 60 milhões de entregas mensais em cerca de mil cidades no país e continua a crescer com taxas elevadas. Os planos de expansão incluem “centenas de novas cidades” e serviços adicionais naquelas em que já operam.

Na frente de negócios de entrega de produtos de supermercados, Hruby diz que muitas mudanças ainda devem acontecer, na medida em que o serviço é novo na plataforma de entregas — não completou um ano no iFood — e que, na sua avaliação, representa uma mudança de comportamento maior do consumidor. “É diferente da pizza que já se pedia pelo telefone e passou para o aplicativo no celular”, comparou.

Outra avenida de crescimento, segundo ele, é oferecer mais opções econômicas, como as preparadas por marmiteiros, que permitam que a refeição que é entregue consiga concorrer com aquela feita em casa ou o almoço no trabalho.

A tendência é que o delivery de refeições deixe de ser um serviço acessível apenas ao consumidor de renda mais alta. “O mercado é muito maior do que o que vemos hoje.”

Fintech as a service

A segunda tese é a que envolve as fintechs do grupo, a Zoop e a MovilePay, e que está em franca expansão, afirma. “Acreditamos que todas as empresas se tornarão fintech algum dia, ou seja, oferecerão serviços financeiros para os seus clientes de forma natural. Mas o número de players que viabilizam os serviços ainda é limitado.”

Nessa vertical, a Zoop oferece serviços financeiros no modelo Banking as a Service ou Payment as a Service para empresas. A demanda crescente é percebida “dentro de casa”, na medida em que o iFood tem acesso a cerca de 300 mil restaurantes e oferece serviços financeiros como conta digital para mais da metade desse universo por meio da MovilePay.

Também é oferecido crédito diante do conhecimento do business de restaurante e das necessidades financeiras de cada um, a partir de uma ferramenta de análise desenvolvida internamente.

A diferença é que, enquanto a Zoop entra com a plataforma, a MovilePay e o iFood executam a estratégia. Segundo ele, o volume de crédito concedido superou a marca de 200 milhões de reais desde que começou a ser ofertado, em outubro de 2020.

A demanda é tal que parte dos recursos do aporte será destinada para reforçar o capital exigido pela regulação para ampliar a capacidade de empréstimos.

“É interessante notar que grande parte dos restaurantes só abria a conta bancária na MovilePay quando tentava criar a conta no iFood”, afirmou Hruby.

Segundo ele, a preferência se dá pela praticidade de receber a receita de forma integrada na plataforma, a despeito da liberdade para escolher contas em outros bancos. “Mas o dono do restaurante pensa no crédito que oferecemos também.”

Logística e games

A tese da entrega na última milha, ou seja, de centros de distribuição localizados nas cidades até a casa dos consumidores envolve não apenas o mercado brasileiro como vizinhos regionais. Os recursos serão aplicados na startup Mensajeros Urbanos, que opera na Colômbia, em maior escala, e no México, e na Moova, da Argentina.

Nos dois casos, o plano é expandir e consolidar a atuação nos principais mercados da América Latina. “O maior gargalo hoje para que as empresas consigam vender mais é a última milha de entrega. E daí decidimos investir em empresas que entregam esses serviços”, afirmou o CEO da Movile.

Por fim, a nova rodada também servirá para investimentos na Afterverse, dentro da tese de games. A startup que nasceu como um spin off da PlayKids foi a desenvolvedora do jogo PK XD, um dos mais populares do mundo, com mais de 50 milhões de usuários ativos.



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