Multilaser, a “faz tudo” brasileira, vai abrir sua primeira loja física

Conhecida por vender dispositivos de tecnologia na internet e por meio de milhares de lojistas parceiros pelo Brasil, a brasileira Multilaser vai, mais de 20 anos depois de sua fundação, abrir uma loja própria.

A empresa estreia na próxima segunda-feira 25 um projeto que vem sendo planejado há cerca de um ano: a abertura de um espaço no Shopping Pátio Paulista, que terá cerca de 400 produtos em exposição selecionados a dedo dentro os 3.500 produtos e 11 marcas da Multilaser.

“Decidimos abrir uma loja própria para aproximar o cliente dos diversos produtos de nossas marcas, e mostrar que temos produtos de alta tecnologia”, diz Leonardo Castilho, diretor de e-commerce e pós-venda da Multilaser.

Para além de seus conhecidos mouses, teclados, roteadores e celulares mais simples, a Multilaser começou nos anos 2010 a expandir seu catálogo, com a criação de 11 marcas próprias dentro da casa. Hoje, a companhia vende produtos que vão de patinete elétrico a drones, caixa de som, carrinho de bebê e até furadeira.

Os itens da loja serão sobretudo relacionados a tecnologia, com o espaço tendo um pequeno estoque. O objetivo não será somente vender mais, mas, sobretudo, ver e ser visto. A mera existência de uma loja com o nome da marca e produtos em exposição pode reforçar o contato do consumidor com a marca, passar credibilidade e aumentar o ticket médio à medida em que o consumidor consegue ver mais produtos.

A decisão da Multilaser é alinhada ao que vêm fazendo outras empresas até então sem lojas próprias, como a Mobly, empresa de comércio eletrônico de móveis que abriu sua primeira loja neste ano e iniciou um pequeno estoque de pronta-entrega, ou a varejista de roupas Amaro, que só vende produtos online mas tem algumas lojas físicas, somente para exposição dos produtos. Até mesmo nomes tradicionais no e-commerce, como as varejistas Amazon e Alibaba, vêm apostando na abertura de lojas físicas.

No caso da Multilaser, o mundo físico sempre esteve presente nas vendas, mas indiretamente, já que a empresa vende seus produtos por meio de uma rede de milhares de vendedores parceiros pelo Brasil. Castilho afirma que isso não vai mudar, já que o objetivo da nova loja é ser apenas um piloto onde o cliente pode entender a amplitude do portfólio. Um dos principais elementos da loja será a experiência, com o intuito de proporcionar aos clientes a possibilidade de ver de perto e testar os produtos, aumentando sua confiança no portfólio.

No dia-dia, para chegar aos mais de 5.000 municípios brasileiros, a empresa continuará atuando ao lado de lojistas parceiros. Na internet, embora tenha um site próprio, o grosso das vendas também vem da exposição dos produtos no site de uma série de varejistas. “Nossos parceiros, sejam pequenos ou grandes, entendem muito de seus mercados locais e, por meio deles, conseguimos distribuir nossos produtos a todos os cantos do Brasil”, diz Castilho.

Junto à abertura da loja, a Multilaser viverá na semana que vem outro marco, com o lançamento de seu smartphone mais tecnológico de sua linha até então. A empresa já atua no segmento de celulares, mas, por enquanto, focava em modelos mais simples — incluindo alguns aparelhos sem conexão wifi ou tela de toque, custando menos de 200 reais e atendendo a um público que ainda não se inseriu na onda dos smartphones.

Já os smartphones lançados até hoje pela Multilaser custaram menos de 1.000 reais, como os da linha MS e Multilaser G — alguns modelos, segundo resenhas, chegam a ficar perto de aparelhos como os mais antigos da linha G da Motorola. O novo celular, que será batizado de Multilaser H, segundo a empresa, estará na categoria intermediária, que costumam ser celulares com valor abaixo de 1.500 reais. A empresa ainda não confirma faixa de preço ou especificações técnicas do aparelho.

Alexandre Ostrowiecki, presidente da Multilaser: responsável por fazer a então empresa de cartuchos expandir seu portfólio de tecnologia

Alexandre Ostrowiecki, presidente da Multilaser: responsável por fazer a então empresa de cartuchos expandir seu portfólio de tecnologia (Germano Luders/EXAME)

“A Multilaser tem”

Fundada em 1987, a Multilaser começou como uma fabricante de cartuchos reciclados criada por Israel Ostrowiecki, que veio ao Brasil com os pais fugindo da Segunda Guerra Mundial e é pai do atual presidente, Alexandre Ostrowiecki. Alexandre precisou assumir a empresa após a morte do pai, em 2013, e hoje divide o comando com o amigo de infância e sócio Renato Feder.

Percebendo que o negócio de cartuchos tinha um limite de expansão — e em meio a pressões de outras fabricantes do setor –, os dois lançaram em 2004 a linha de produtos de informática da empresa, que tornaria a Multilaser conhecida em todo o Brasil.

De uma receita operacional de 37 milhões de reais quando Alexandre Ostrowiecki assumiu a companhia, em 2013, a empresa chegou no ano passado a 2,2 bilhões de reais, quando cresceu em mais de 30%. Para 2019, a projeção é fechar o ano com faturamento operacional de 2,4 bilhões de reais, sendo 2,1 bilhões em receita líquida.

A expansão do portfólio da Multilaser começou sobretudo em 2013, com o lançamento da linha Multikids, com produtos como mochilas, brinquedos e jogos para crianças. A partir daí, a companhia não parou mais: vieram nos anos seguintes marcas como a Atrio, de artigos esportivos, a Pulse, de equipamentos de som, ou a MultilaserPro, de equipamentos para sistemas de internet, como cabos de fibra óptica. O mais recente lançamento foi a Warrior, marca de equipamentos para jogos, como cadeiras e mouses e teclados especializados.

Em seu escritório na avenida Faria Lima, em São Paulo, a empresa mantém uma sala com alguns desses produtos, que batizou de showroom. Além disso, as mil e uma opções de mercadorias estão espalhadas por todo o andar: em um canto dos corredores, se vê uma caixa que contém um patinete elétrico, e, logo ao lado, um dos modelos de televisão da empresa plugada em uma das paredes.

“Muitas pessoas ainda conhecem mais a Multilaser por itens como mouse ou teclado, mas fazemos de tudo que se possa imaginar”, diz Castilho. Como diretor de pós-venda, ele também se orgulha do bom serviço de atendimento ao consumidor da empresa — que tem nota máxima no site ReclameAqui. “Aqui não vamos só vender, mas atender bem o cliente em todo o processo”, diz.

A Multilaser produz 70% do que vende e importa o restante. Para fazer toda essa gama de itens, possui mais de 3.000 funcionários e duas fábricas, uma na Zona Franca de Manaus, no Amazonas, e a maior em Extrema, em Minas Gerais. Além do escritório em São Paulo, a empresa abriu também um laboratório na China, que tem 70 colaboradores e funciona testando e analisando uma série de produtos a ser lançados no mercado brasileiro.

A estratégia de diversificação do portfólio foi particularmente importante entre 2014 e 2015, momento em que um tablet da empresa apresentou um problema de fabricação e o equipamento precisou ser devolvido, o que fez a companhia passar por maus bocados financeiros. Desde então, mesmo diante de um período de recessão na economia brasileira, a empresa vem crescendo na casa de dois dígitos e apresentando lucro.

Com itens produzidos no Brasil e que conseguem ser mais baratos que concorrentes estrangeiras, a Multilaser se consolidou como fabricante de itens de informática para a classe baixa. Embora não negue seu viés democrático, a empresa defende que seus produtos não perdem em qualidade para marcas estrangeiras em categorias de preço semelhantes. “Queremos continuar provendo tecnologia de qualidade a preço justo, chegando em quem imaginava que não teria acesso”, diz Castilho.

O slogan de uma de suas últimas campanha publicitárias, o “se a sua vida pede, a Multilaser tem”, passou a refletir o espírito da companhia: se mostrar com uma empresa de tecnologia capaz de fabricar, no Brasil, itens tecnológicos de alta complexidade. A empresa espera que, ao fincar sua fachada a poucos metros da avenida Paulista, em um dos maiores shoppings da cidade, ajude a reforçar essa imagem.

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