O ministro participou de discussão sobre futuro das manufaturas no primeiro dia do Fórum Econômico Mundial, que acontece em Davos até o dia 24
São Paulo — O maior inimigo do meio ambiente é a pobreza, disse Paulo Guedes, ministro da Economia nesta terça-feira (21), em participação do painel “Shaping the Future of Advanced Manufacturing”, em Davos, onde começou hoje o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês).
“Pessoas destroem o meio ambiente porque precisam comer. Essas pessoas têm todas as preocupações. Que não são, por sua vez, as preocupações das pessoas que já destroem a floresta. É um problema complexo sem solução simples. Mas estamos tentando remover esses obstáculos”, disse.
Segundo o ministro, o Brasil foi deixado para trás e perdeu a grande onda da globalização, “para não dizer muito atrás”, disse.
Ao ser questionado sobre a nota que daria para o desenvolvimento industrial no Brasil, ele deu “3” e disse que o país tem um grande caminho pela frente. Depois disso, ele disse que o futuro da manufatura é a “mindfacture”, um trocadilho que combina a palavra mind (mente) com a palavra “manufatura” em inglês.
Para Guedes, agora, os trabalhadores terão de ser preparados para uma nova realidade no trabalho industrial, mais tecnológico.
Guedes foi questionado ainda sobre o que está sendo feito no Brasil para impulsionar o avanço do setor manufatureiro. Sobre isso, ele respondeu que “Temos um primeiro nível de preocupação que é remover um ambiente hostil para os negócios, para receber e reimplantar toda essa sabedoria que está disponível no mundo”.
Em segundo lugar na lista de prioridades para manter a “onda para futuro”, segundo Guedes, é trabalhar na conectividade. “Que é exatamente o que está acontecendo aqui.”
O ministro disse que está sendo implantado no Brasil neste momento três centros para que o país se aproxime das discussões do WEF. O primeiro vai trabalhar em três frentes: industrialização, pesquisas acadêmicas e pessoas do mundo de negócios. “A gente tem que gerar negócios sustentáveis que incorporem valores da sociedade. E isso é uma solução politica que não é simples”, diz. A ideia do grupo é explorar a ideia de “mindfacture”.
Segundo Guedes, o Brasil quer integrar o comitê do WEF, “como falamos com o professor Schwab (Klaus Martin Schwab, fundados do Fórum) para ter reuniões frequentes e partilhar conhecimento”.
O desafio, segundo ele, é integrar e descentralizar o processo de inovação, crucial para o país nesse momento, diz. Depois brincou: “Lembrem-se que foi o Brasil que inventou o avião. Fizemos coisas interessantes no passado”, diz.
A prioridade do governo agora não é inovação, segundo ele, mas criar um ambiente pra que a inovação aconteça.
Além do ministro, participaram da sessão a escritora e empresário americana Lisa Witter, que mediou a discussão, Rajeev Suri, CEO da Nokia, Alice Gast, professora da Universidade de Stanford, e Michael Süss, empresário alemão.
Guedes participou nesta terça de dois painéis com transmissão online: esse, que aconteceu às 9h30 no horário local e do “Panorama Estratégico: América Latina”, às 14h30, também no horário local. Vale lembrar que Davos está quatro horas à frente do horário de Brasília.
Também estarão em Davos os presidenciáveis João Doria, governador de São Paulo, e Luciano Huck, apresentador da Rede Globo. O presidente Jair Bolsonaro decidiu não ir após sua participação criticada no ano passado.
Veja o vídeo do painel na íntegra (em inglês):