‘Steve Jobs dos vinhos’: o enólogo que transformou US$ 7 mil em um império

Um dos enólogos mais célebres da comunidade de bebidas, Paul Hobbs veio ao Brasil para lançar dois novos vinhos da linha Viña Cobos, que serão disponibilizado com exclusividade em todas as lojas da importadora Grand Cru.

Conhecido como o Steve Jobs dos vinhos, pelo desenvolvimento de produtos de alta qualidade e precisão, no final da década de 1980 o enólogo americano viajou à Argentina e percebeu o potencial das uvas Malbec. Com o investimento de 7 mil dólares, alguns anos mais tarde inaugurou a vinícola Vinã Cobos em Mendoza, que hoje é uma das mais importantes produtoras de vinhos no país.

Integrando à linha Viña Cobos, o Vinculum, chega com dois novos rótulos, o Viña Cobos Vinculum Chardonnay 2020 e Viña Cobos Vinculum Malbec 2018, com destaque para o Viña Cobos Vinculum Chardonnay que recebeu 97 pontos, conferidos pelo também internacionalmente reconhecido James Suckling. Os vinhos são provenientes do clima e solo de diferentes vinhedos na Argentina.

O lançamento dos novos rótulos da linha será feito exclusivamente pela Grand Cru e chega com
ticket médio de 450 reais.

Em conversa com Casual Exame, Hobbs conta sobre os projetos da vinícola, que irá dobrar de tamanho em breve, e o mercado internacional de vinhos.

Durante a apresentação, você mencionou alguns aspectos holísticos da vinícola, como as pirâmides colocadas em pontos estratégicos. Poderia falar mais sobre isso?

Esse tópico é sempre um pouco difícil, porque é mais espiritual em certo sentido. Mas, é claro que a energia do universo é difícil de provar cientificamente. Mas, eu não descontaria. Nunca foi minha ideia criar algo com esse elemento específico em mente. Mas, considerando que as pessoas os colocaram acharam isso importante, eu não descartaria a ideia. Eu acho que os egípcios fizeram a mesma coisa com conceito de pirâmide e como ela captura poderes. Acho que há uma certa lógica nisso. Acho que pensar que sabemos tudo é arrogante. Então, há energias que eu acredito que não reconhecemos ou podemos realmente ver, mas que existem. Às vezes sentimos essas energias, mas é difícil convencer outra pessoa ou mostra-la que essa energia existe. Então, sim, acho que há algo interessante nisso, e devemos estar abertos a isso, mesmo que não possamos provar ou entender completamente.

Você já disse que o Viña Cobos Malbec 2017 foi um dos melhores vinhos que já produziu. Como é continuar desenvolvendo produtos em um nível tão alto? Você sempre tenta se superar?

Acho que sim. Quero dizer, acho que toda a nossa equipe está ligada ao que gostamos de fazer. Então, fazemos uma meta ou objetivo, e nos alinhamos para atingir essa meta. Colocamos um limite de tempo, e a equipe se reúne e se aglutina em torno disso, e faz acontecer porque ficamos obcecados por isso. Uma vez que esse objetivo foi alcançado, encontramos nossa taxa de sucesso e celebramos. Ou se não acontecer, tentamos entender o que fizemos. Mas, na maioria das vezes, descobrimos que a taxa de sucesso é boa. Trata-se de um o esforço humano, quero dizer, você pode ver que há uma espécie de fanatismo e sim, é. Mas as pessoas estão dispostas a ir além e a dar tudo? Nosso objetivo é criar algo, é fazer algo que não foi feito antes. Para fazer a diferença. Para ajudar a aprender. É isso que tentamos fazer.

Vista aérea da Viña Cobos. (Divulgação/Divulgação)

Quais são os maiores desafios para produzir vinhos atualmente?

Estamos sempre aprendendo e incorporando o que aprendemos para fazer um vinho melhor e queremos continuar nesse caminho. Provavelmente o homem pode aprender mais rápido do que a natureza pode mudar, mesmo com a natureza mudando muito rápido com o aquecimento global. Mas somos muito resilientes se nos importarmos e trabalharmos duro.

E você mencionou que o Brasil é o terceiro mercado da vinícola. Quais são os dois primeiros?

Os Estados Unidos e a Argentina. Mas, inicialmente, não vendíamos muito nossos vinhos na Argentina.

Por quê?

Bem, acho que não estávamos preparados. Se você olhar para a França, eles não são os grandes compradores de vinho francês. A Espanha não tem muitos vinhos caros. E a Alemanha também não. O Chile, por exemplo, não gasta dinheiro com vinho, mas a Argentina, sim. Então essa é uma distinção muito importante para a Argentina, o que torna isso crucial para nós. E agora estão mudando isso também nos EUA. Estamos subindo nos EUA, o que é extremamente importante porque os EUA terão impacto em todo o mundo. Mas voltando ao comentário inicial, quando começamos, o que a imprensa americana dizia, havia uma reação na Argentina. Então a Argentina não foi a primeira a abraçar seus vinhos, foram os EUA, o Canadá e depois o Reino Unido e finalmente devem ter pensado “deve ser importante, porque todo mundo diz que somos realmente ótimos, e estamos produzindo Malbec”.

E qual a representação dos vinhos argentinos no mercado americano?

Convenhamos, a Argentina no mercado americano é pequena, em torno de 2%.

Como é produzir vinhos em diferentes países. Quais são as semelhanças e diferenças nos processos?

Há grandes diferenças culturais, que tornam tudo muito desafiador. Por exemplo, na Armênia, qual é o conhecimento básico de vinho? Eles têm zero. Quando comecei lá, ninguém entendia a química do vinho. O que você consideraria o básico, para eles não significaria nada. Pensava em como modificar isso, e sugeri leva-los para a Argentina ou os EUA, mas me disseram ‘Se você os tirar do país, eles não voltarão’. São esses tipos de problemas, como vamos conseguir nosso produto? Como vamos importar barris? Porque a Armênia é um país sem litoral com quase nenhuma nação amiga ao redor, então, o que acontece se eles fecharem a fronteira na Geórgia? Você não pode enviar seus barris, por exemplo. Mas isso é provavelmente um pouco divertido também.

Com a pandemia, o consumo de vinho de melhor qualidade cresceu. Quais são as tendências agora no mundo do vinho em geral? O que os consumidores estão procurando agora?

Correto. Todas as vendas de vinhos e o nível premium estão subindo. Pelo menos no mercado americano. E vemos que outros mercados em todo o mundo. Então, a “premiumização” está ocorrendo. Mas a quantidade de vinho que está sendo feito continua a diminuir e consumo geral está diminuindo.

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