Anderson Birman, da Arezzo: “O ser humano precisa ser mais ESG” | Invest

(Por Anderson Birman, fundador da Arezzo&Co, especial para EXAME)

Há pouco mais de um ano, estávamos começando a viver uma pandemia, mas não tínhamos ideia do que significava isso, de quantas pessoas morreriam e de quanto tempo passaríamos confinados dentro de casa. Talvez até hoje ainda não tenhamos, uma vez que não sabemos até onde isso vai chegar.

No dia 18 de março de 2020, me arrisquei publicar um artigo sobre como passar pela crise e superá-la. Meu recado principal naquele momento de muita insegurança era que nossa capacidade de adaptação seria fundamental para passar por esse momento. Foi meu conselho após mais de 40 anos empreendendo neste país, testemunhando outros momentos difíceis – que, hoje sei, não chegaram perto do que estamos experimentando agora.

Um ano depois, está claro que passamos um dos períodos mais conturbados globalmente. Mais de 3 milhões de pessoas faleceram no mundo por conta da covid-19. Ainda que continuemos no meio do turbilhão, me arrisco a fazer previsões para o pós-pandemia – com esperança de que, até o próximo ano, a vacina seja capaz de estancar a mortalidade. Agora, categoricamente afirmo: não basta nos adaptar; a humanidade precisa mudar.

Teremos um contexto duro pela frente. Prevejo que muito mais pessoas ficarão desempregadas e que nem as necessidades mais básicas estarão supridas, com a fome aumentando para muitos, como já está acontecendo. Outro dia estava assistindo à televisão e vi as pessoas aglomeradas na plataforma do trem em São Paulo. Como isentá-las da pandemia se sua única alternativa para trabalhar e ganhar o dinheiro do mês é o transporte público?

O contexto está nos convidando a uma transformação. Muito se tem falado sobre ESG nas empresas. Investidores cobram dos executivos decisões que beneficiem o meio ambiente, a sociedade e a governança. Mas acredito que o ESG também deva valer para as pessoas. Todos os seres humanos precisarão se tornar mais preocupados com esses três pilares e, assim como as empresas, adotar métricas para mensurá-los.

Nós todos precisamos considerar o que nossas ações geram para o mundo. Nos tornar menos egoístas e mais altruístas. As pessoas precisam começar urgentemente a enxergar o ser humano por trás de quem chefiam e por trás daqueles por quem são chefiados.

Claro que essa mudança nos indivíduos vai tornar mais fácil implementar o ESG nas empresas – que nada mais são do que um coletivo de indivíduos. Vai diminuir esse movimento de as companhias fingirem que estão preocupadas para de fato colocarem esse assunto como prioridade.

Seres humanos mais ESG também vão cuidar mais do próximo, de quem está ao seu redor. Seres humanos ESG não vão organizar festas clandestinas, não vão abrir restaurantes em fase vermelha, não vão formar aglomeração na praia. Vão cuidar do seu espaço sem que o governo tenha que falar tanto sobre quais são as medidas adequadas.

Não podemos mais pensar apenas em nós mesmos. O que vale para um deve servir para todos. É preciso considerar no coletivo.

Acredito também que o ser humano será menos materialista. Nossa existência está ficando pesada demais para o planeta. Para os negócios, é ótimo. Vende. Mas teremos futuro se continuarmos assim? Vamos continuar tirando da mãe Terra mais do que ela pode dar? É hora de rever nosso consumo, da manufatura à comida que chega em nossa mesa.

E precisamos mudar rápido. Manter os velhos hábitos e comportamentos é lutar contra o que o mundo está nos mostrando. Não vamos voltar ao que éramos em 2019. Esqueça essa possibilidade. Precisamos adotar um novo jeito de viver, e a única solução é o ser humano se reformar.

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