Contra coronavírus, governo vai injetar R$147 bi na economia em três meses

O ministro da Economia Paulo Guedes anunciou no fim da tarde desta segunda-feira (16) que o governo irá injetar R$ 147 bilhões na economia nos próximos três meses para blindar o país dos impactos do avanço do coronavírus.

A medida, que ele chamou de plano emergencial, tem como foco cidadãos idosos, mais vulneráveis ao Covid-19, e desempregados. Do valor total do programa, R$ 84 bilhões serão direcionados só para os idosos. Outros R$ 60 bilhões irão para manutenção de empregos, disse o ministro em coletiva de imprensa.

O governo já havia anunciado na semana passada que ia antecipar para abril a primeira parcela do décimo terceiro dos aposentados e pensionistas. A segunda parcela do benefício, segundo Guedes, será depositada em maio.

São previstos ainda a liberação de R$12,8 bilhões referentes ao abono salarial, que terá todas as parcelas adiantadas para junho, e o reforço ao programa Bolsa Família, com destinação de recursos para possibilitar a inclusão de mais 1 milhão de pessoas (até R$ 3,1 bilhões).

Na parte de proteção aos empregos, Guedes fala que o plano é tirar das empresas a responsabilidade de pagar o Fundo de Garantia (FGTS) do trabalhador por três meses. “Se a empresa está apertada, não é correto agora exigir que ela continue pagando isso daí”, diz. Segundo o ministro, a equipe estima em 30 bilhões esse diferimento.

Nessa esteira, as pequenas e médias empresas também ficam pelo mesmo período isentas de pagar o Simples, o que é estimado em R$ 22 bilhões de diferimento.

Além disso, Guedes também anunciou que o Sistema S ficará pelo mesmo período sem 50% das contribuições feitas pelo cidadão.

Por fim, o restante do recusro irá para a área de saúde propriamente dita: “será resultado de redução de tarifas de importação sobre produtos médicos hospitalares, coisas deses tipo. Serão 67 produtos com tarifas zeradas”, disse o ministro.

O ministro reforça que, para além das medidas de caráter extraordinário, há três medidas de caráter estruturante e prioritário em andamento no Congresso que teriam importante papel no cenário de crise: “o pacto federativo, que abre espaço fiscal e melhora a capacidade de gestão dos estados e municípios; a Eletrobras, que nos abriria espaço de R$ 16 bilhões no orçamento, se não vamos ter que contingenciar já nesta semana, na sexta, e, finalmente, o plano Mansueto”, diz.

O plano emergencial de Guedes evita que o estado gaste, mas cria problemas mais para frente, segundo André Perfeito, economosta-chefe da Necton. “Dos R$ 147,3 bilhões anunciados R$ 111 bilhões são antecipações ou diferimentos, ou seja, ou vamos antecipar o consumo, ou bem vamos postergar impostos. A questão na mesa é que isto tem soma zero no limite e aponta para uma maior desaceleração da economia ainda mais acentuada”, diz.

Para o economista, seria a hora do estado “carregar” a economia neste período de dificuldade, “afinal estamos falando da paralização total ou parcial da produção durante um mês ou mais da produção brasileira”, ,diz.

O anúncio brasileiro é mais um no meio das tentativas de países de blindarem suas economias dos impactos da pandemia de coronavírus. Os estímulos fiscais vêm para complementar os efeitos das ferramentas já desgastadas de política monetária dos bancos centrais, num mundo de juros negativos ou próximos de zero.

Nesse cenário, ontem, o mercado foi surpreendido novamente pelo Fed, banco central americano, com o segundo corte de juros em menos de duas semanas.  Nesta semana, o Comitê de Política Monetária do Banco Central se reúne para arbitrar a taxa básica de juros no Brasil também. É quase certo que novos cortes venham por aí.

Cada um tem usado o arsenal disponível no bolso para conter a crise. Enquanto isso, o Brasil tenta, sem espaço fiscal e com a herança nas costas de quatro anos de crescimento decepcionante, fazer a sua parte.

“De forma geral devemos revisar o PIB de 2020 ainda mais para baixo. Neste sentido sobrou para o BCB fazer o trabalho que o ministério da economia não quer ou não pode fazer. O corte de juros parece ser a tônica de curto prazo”, diz Perfeito.

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