Google se junta a Apple e Microsoft e atinge valor de US$ 1 trilhão

A Alphabet, companhia-mãe do Google, atingiu pela primeira vez o valor de mercado de 1 trilhão de dólares. A empresa chegou ao patamar trilionário na bolsa no fim da tarde desta quinta-feira 16, em um movimento já esperado pelo mercado no início da semana.

Até agora, as únicas empresas de capital aberto com este valor eram as americanas Apple e Microsoft, de tecnologia, e a petroleira saudita Saudi Aramco. A varejista Amazon também chegou a bater 1 trilhão de dólares em 2018, mas caiu nos meses seguintes e hoje vale 928 bilhões de dólares — mas pode também voltar à cifra trilionária em algum momento nos próximos meses.

As ações da Alphabet vinham em meses de alta, tendo valorizado mais de 30% ao longo do ano passado. A avaliação trilionária acontece também em um momento de transição na empresa. Em dezembro, saíram da presidência os fundadores Larry Page e Sergey Brin, de 46 anos e no comando há duas décadas. O atual presidente passou a ser o indiano Sundar Pichai, 47 anos, que comandava o Google desde 2016. Ao longo da carreira no Google, Pichai, que veio de família simples na Índia, passou por produtos de sucesso como o navegador Chrome, o pacote Drive, o Gmail e o navegador Android.

A expectativa dos investidores é que Pichai imprima ao Google uma visão mais pé no chão, em detrimento de apostas mais ousadas que os fundadores vinham fazendo. Com Page e Brin no comando, o Google apostou nos últimos anos em serviços como drones, carros autônomos e lentes inteligentes.

Os novos negócios da Alphabet fecharam 2018 com prejuízo de 3,4 bilhões de dólares, ante um lucro de 36 bilhões de dólares do Google.

Dinheiro de sobra

A Apple foi a primeira das gigantes de tecnologia a atingir o patamar trilionário, o que aconteceu pela primeira vez em 2018. Após idas e vindas, a empresa hoje vale cerca de 1,4 trilhão. A Microsoft, que atingiu 1 trilhão pela primeira vez em 2019, vale 1,3 trilhão.

As duas ficam atrás da Saudi Aramco, companhia mais valiosa do mundo e cuja abertura de capital na bolsa aconteceu no ano passado. A Saudi chegou a atingir 2 trilhões de dólares em valor de mercado nos primeiros dias de negociação na bolsa.

Na Alphabet, as ações estão na casa dos 1.450 dólares neste início de ano. Só no último mês, a empresa ganhou quase 1 bilhão em valor de mercado.

Apesar dos méritos da Alphabet, com crescimento de dois dígitos no faturamento trimestre após trimestre, a alta nas ações reflete também um cenário global. Com juros baixos mundo afora e aplicações seguras gerando pouca rentabilidade, muito dinheiro destinado a capital de risco, tanto com investimento em startups quanto em grandes empresas na bolsa. As cinco maiores empresas dos Estados Unidos ganharam 1,8 trilhão em valor de mercado só no último ano.

É parte do mesmo movimento que fez os investimentos em capital de risco, que financiam startups, passarem de 36 bilhões de dólares, em 2009, para 287 bilhões no ano passado. Neste cenário, já são mais de 420 startups “unicórnios”, com valor de mercado acima de 1 bilhão de dólares, a maioria nos Estados Unidos e na China (dez dessas startups estão no Brasil).

Os investidores saem justamente em busca de quem serão os novos Google, Facebook, Apple ou Microsoft, valorizando a ponto de atingir valor de mercado de bilhões de dólares.

Enquanto isso, pelo lado das gigantes de tecnologia, o desafio é continuar crescendo e se antecipando às tendências. Na Alphabet, embora a empresa tenha sido a responsável por boa parte dos softwares online mais usados deste milênio, qualquer respiro pode significar perder uma onda que depois se tornará inalcançável.

Os desafios do Google

Apesar de arriscada, a diversificação que fez a Alphabet investir nos últimos anos em tecnologias que parecem fora de seu core business, como carros autônomos, pode também ser importante para que a empresa sobreviva a um futuro que tende a ser cada vez mais desafiador.

Que o diga outra empresa do clube das trilionárias, a Microsoft: ao virar as costas aos smartphones no começo dos anos 2000, a empresa não conseguiu mais alcançar a Apple (dona dos iPhone e do sistema iOS) e o Android do Google. A Microsoft só conseguiu se recuperar após a saída do fundador Bill Gates e entrada do atual presidente, Satya Nadella, que vem lucrando com serviços em nuvem, jogos e programas por assinatura.

O Google foi fundado em 1998, na Califórnia, tendo como principal produto o buscador de mesmo nome que tinha como objetivo fazer um grande índice de páginas da internet. Com o tempo, criou novos produtos e fez uma centena de aquisições que o tornaram dono de uma grande parte dos softwares usados atualmente na internet.

No começo focado sobretudo no buscador, o Google foi criando produtos que faziam frente às concorrentes: do Android que passou a brigar com iOS da Apple ao navegador Chrome (que ganhou espaço que outrora era do Internet Explorer, navegador padrão da Microsoft). A empresa também foi bem-sucedida em, na hora de concorrer com o pacote Office da Microsoft, optar por lançar um serviço em nuvem, o Google Drive, mais leve, gratuito e que não precisava ser instalado nos computadores. O Drive também foi vetor de uma nova frente do Google nos últimos anos, mais voltada a empresas e não somente ao consumidor final — batendo ainda mais de frente com a Microsoft, historicamente mais forte nos serviços corporativos.

Ao mesmo tempo, boa parte do faturamento da empresa ainda vem com venda de publicidade por meio do Google Ads, que posiciona anúncios tanto nos próprios produtos do Google quanto em sites de terceiros. Os anúncios respondem por mais de 90% do faturamento do Google.

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