Mesmo com queda do Ibovespa em agosto, altas superaram as perdas

São Paulo – Ao longo de agosto, a escalada da tensão comercial entre China e Estados Unidos e notícias sobre uma possível recessão global abalaram a Bolsa e ofuscaram os efeitos da aprovação da reforma da Previdência na Câmara. Embora o cenário internacional tenha provocado instabilidade, o Ibovespa terminou agosto próximo da pontuação do fim de julho.

Em momentos de maior estresse, o índice chegou a ficar abaixo dos 97 mil pontos. A recuperação só se deu nesta semana, quando a Bolsa avançou 3,55% após o crescimento do PIB ter surpreendido positivamente o mercado. A alta, porém, foi insuficiente para reverter as perdas e o Ibovespa fechou o mês com queda de 0,67%, a 101.134,61 pontos. Mesmo com a baixa, as ações do índice que mais subiram superaram as maiores depreciações.

O papel que mais rendeu em agosto foi o da Qualicorp, que teve valorização de 28,67%. Recentemente, a Rede D’Or, de hospitais e clínicas médicas, se comprometeu a comprar 10% das ações da empresa de assistência de saúde coletiva. Analistas veem a negociação como possibilidade de a Qualicorp passar a oferecer planos de saúde mais baratos em parceria com a Rede D’Or.

Além disso, investidores veem ações do setor de saúde como “defensivas” ao cenário externo, o que explica a maior demanda pelo ativo em tempos de volatilidade externa. Em 2019, a ação da Qualicorp acumula 121,80% de retorno.

A segunda maior alta ficou a cargo da Marfrig, que, no mês, aumentou seu valor de mercado em 25,94%. As ações da empresa de proteína animal subiram 7,41% no dia em que ela anunciou uma parceria com a americana Archer Daniel Midland para passar a comercializar carne de origem vegetal.

Os papéis da Marfrig também foram positivamente impactados pela peste suína na China, que precisou aumentar a importação de carne de porco para atender à demanda interna. BRF e JBS também foram beneficiadas pela doença que assola os rebanhos chineses.

Dois anos após protagonizar um dos episódios mais emblemáticos da história recente do país, a empresa da família Batista voltou a entrar no hall das ações mais queridas entre os investidores. Com rentabilidade de 164% no ano, a ação da JBS é a que mais tem proporcionando ganhos em 2019 entre as que integram o Ibovespa. No mês, o papel subiu 19,04% – a quarta maior alta de agosto.

Já a BRF, impulsionada pela exportação de suínos para a China, apresentou lucro inesperado e viu suas ações subirem 5% logo após a divulgação do resultado trimestral. No mês, a alta foi de 14,16%.

Com desempenho negativo até o fim de julho, as ações da B2W tiveram bom desempenho em agosto e reverteram as perdas do ano. A virada começou após a varejista apresentar aumento de 22% das vendas totais, fazendo com que seus papéis subissem 17%, a 43,54 reais. O movimento voltou a ganhar força nesta semana, quando o banco suíço UBS elevou o preço alvo do ativo para 56 reais. A ação se valorizou 26,04% no mês e 13,17% no ano.

Veja as maiores altas do Ibovespa em agosto:

Na outra ponta, os papéis da Kroton lideraram as piores quedas de agosto. O resultado do segundo trimestre frustrou o mercado e logo após a divulgação do balanço, o papel da controladora da Universidade Anhanguera caiu 11,51%. O movimento de baixa persistiu por dias, fazendo com que a ação se desvalorizasse 19,53% no mês.

A Gol foi outra empresa que teve seu valor de mercado reduzido. Embora a diminuição do prejuízo líquido no segundo trimestre tenha elevado em 6% o valor de sua ação, os papéis da companhia aérea foram afetados pela alta do dólar.

Como a empresa usa a moeda americana para arcar parte considerável das despesas, suas ações tiveram quedas significativas nos dias em que o dólar avançou. Enquanto a moeda subiu 8,72% em agosto, os papéis da Gol caíram 18,97%.  Mesmo com as perdas recentes, o ativo acumula crescimento de 32,27% no ano.

A Braskem, por outro lado, vem reduzindo seu valor de mercado a cada mês. Desde o início do ano, a ação da petroquímica caiu 40,44%. Com 18 pregões no vermelho e somente quatro no azul, o papel fechou agosto em queda de 17,1%.

Neste mês, a empresa reportou redução de 76% do lucro no segundo trimestre do ano. Além do problema financeiro, a crise da Braskem tem esbarrado em questões ambientais. Em Alagoas, uma mina de sal-gema precisou ser paralisada por colocar em risco 600 famílias de um bairro de Maceió devido a rachaduras no solo.

Ainda no campo das commodities, a queda de cerca de 25% do preço do minério de ferro negociado na bolsa de Dalian, na China, derrubou o preço dos ativos ligados ao metal, como as ações da CSN, Usiminas e Vale, que no mês caíram 13,13%, 9,71% e 8,57%, respectivamente. Para analistas, a desaceleração da economia internacional e o cenário de conflito comercial reduzem a demanda por commodities, o que acaba por derrubar o valor do ativo.

Veja as maiores baixas do Ibovespa em agosto:

 

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