Paquistão convoca reunião de emergência do conselho de segurança em meio a crise com o Irã

O primeiro-ministro do Paquistão, Anwaar-ul-Haq Kakar, convocou uma reunião com o conselho de segurança do país para esta sexta-feira, um dia após o país cumprir a promessa de retaliação ao Irã e bombardear alvos inimigos no país vizinho — e em um momento em que Islamabad tenta calcular os riscos de suas próximas ações.

A reunião, de caráter emergencial, foi convocada após Kakar encurtar sua viagem a Davos, na Suíça, para Fórum Econômico Mundial, para lidar com a escalada de tensões com Teerã, que lançou um bombardeio contra a província do Baluquistão. Estarão reunidos o premier, o chefe do Exército e o diretor de Inteligência militar do país.

A resposta paquistanesa ao ataque anterior de Teerã pretendia enviar uma mensagem clara de que as violações da sua soberania não seriam toleradas. No entanto, analistas também chamam a atenção para o fato de os militares paquistaneses, logo após o ataque, a vontade de conter a tensão. Islamabad sinalizou que procurava uma desescalada, chamando as duas nações de “países irmãos” e apelando ao diálogo e à cooperação, linguagem que o Irã repetiu em uma declaração na sexta-feira. O apelo do Paquistão, disseram os analistas, sublinhava um fato evidente: dificilmente poderia estar em uma posição pior para travar uma guerra.

Há dois anos, o país convive com uma crise econômica e uma turbulência política que pressionou o poderoso sistema militar do país — única nação islâmica a possuir, comprovadamente, a bomba atômica. Ataques terroristas voltaram a ser registrados no país e, além do desacordo histórico com a Índia, assistiu a uma piora em suas relações com o Talibã, que retomou o governo do Afeganistão.

— Em um momento em que o Paquistão passa por algumas das mais graves turbulências internas dos últimos anos, senão décadas, a última coisa que se pode permitir é mais escaladas e um risco acrescido de conflito com o Irã — disse Michael Kugelman, diretor do Instituto para o Sul da Ásia do Centro Wilson. — Para o Paquistão, estar preso em tensões graves não com um ou dois, mas com três vizinhos, é o pior cenário geopolítico.

Outras variáveis internas também ameaçam o país. A escalada de tensões com o Irã ocorre antes das tão aguardadas eleições parlamentares, esperadas para o início de fevereiro, e as primeiras desde que o antigo primeiro-ministro Imran Khan foi destituído. A sua destituição desencadeou uma crise política que abalou a própria base da política do Paquistão, um jogo em que o vencedor leva tudo que há muito é governado nos bastidores pelos militares do país.

Ao mesmo tempo, o país atravessa uma situação econômica difícil, fortemente dependente de um empréstimo do Fundo Monetário Internacional que mantém em funcionamento uma economia que teria dificuldade em sustentar um envolvimento militar prolongado. Nessas circunstâncias, dizem os analistas, as estratégias militares paquistanesas caminham por uma linha muito tênue.

—Por um lado, enfrentaram o dilema estratégico de que se o Paquistão deixasse isto [o ataque iraniano] passar, isso teria encorajado todos os adversários do Paquistão, especialmente a Índia — disse Asfandyar Mir, especialista sênior do Instituto da Paz dos Estados Unidos. — Por outro lado, ao adotar uma postura de confronto e reagir, o Paquistão arriscou-se a enfrentar um dilema de três frentes. (Com NYT e AFP)

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