Porto Seguro aproveita queda da bolsa para comprar mais ações de bancos

Não foram apenas as pessoas físicas que viram seu portfólio de investimento ficar mais enxuto por causa da queda de 30% do Ibovespa em março. A seguradora Porto Seguro perdeu 135 milhões de reais dos 370 milhões de reais que compunham a sua carteira de renda variável. “A gente não realizou o prejuízo; na verdade, aproveitamos que a bolsa estava barata para comprar mais”, afirma Celso Damadi, vice-presidente de finanças, controladoria, investimento e planejamento da Porto Seguro, em entrevista à EXAME. A companhia concentrou as compras em papéis dos setores de alimentação, bancos, celulose e energia. Essa nova safra de papéis somada à retomada de 10,38% do Ibovespa, em abril, levaram a carteira a alcançar o atual patamar de 750 milhões de reais.

Damadi estima que o Ibovespa retomará os 85.000 pontos no fim do ano – nesta segunda-feira, está sendo negociado ao redor dos 77.000 pontos. “Se não tivermos um repique da doença [novo coronavírus], é possível que o indicador volte para os 100.000 pontos em 2021. Não acreditamos em uma recuperação da economia em ‘V’, temos um cenário mais conservador”, acrescenta. Para este ano, a projeção da Porto Seguro para o produto interno bruto (PIB) é de uma queda entre -4% e -5% e, no ano que vem, um crescimento de 3% a 4%.

Até a retomada econômica em 2021, a Porto Seguro pode enfrentar trimestres difíceis. Segundo Damadi, o resultado de janeiro a março foi pouco impactado pelo isolamento social em decorrência da pandemia. “Vínhamos com redução da sinistralidade nas carteiras de saúde, vida e automóveis e com resultado operacional bom”, diz.

De fato, o resultado operacional deu um salto de 52% no primeiro trimestre para 421 milhões de reais. Já os prêmios emitidos aumentaram 2,3% para 3,7 bilhões de reais e a sinistralidade total recuou 1,5 ponto percentual para 52,6%. Com isso, o índice combinado teve uma queda de 1,1 p.p. para 94,1% – quanto mais longe de 100%, mais saudável está a operação da seguradora.

No entanto, os resultados financeiros foram bastante impactados e caíram mais de 100% no primeiro trimestre, ficando em -1,5 milhão de reais. Já o lucro líquido caiu 23,8% para 228 milhões de reais.

“A tendência é que o nosso segundo trimestre seja melhor, principalmente por causa da queda da sinistralidade das carteiras de automóveis e de saúde”, diz Damadi. No caso de automóveis, o indicador deve cair por causa das regras de isolamento social e, no caso de saúde, por causa do adiamento das cirurgias eletivas. “Nossos modelos estatísticos mostram que no pós-isolamento devemos ter aumento da sinistralidade, pois tem relação com aumento do desemprego. Por isso, estimamos que no terceiro e no quarto trimestres veremos uma piora desse indicador”, acrescenta.

Se por um lado o segundo trimestre deve ter menos sinistralidade, por outro, deve registrar menos prêmios vindos da venda de carros novos. Isso porque as pessoas não têm saído para ir a concessionárias. “Boa parte dos prêmios vem dos carros zero, e isso deve pressionar as despesas administrativas e operacionais que vinham em queda.”

A redução das despesas deve vir do corte de serviços terceirizados de eventos, por exemplo, e da transformação digital que tornará possível que as vistorias prévias sejam totalmente digitais. “Aderimos ao movimento de não demissão e não vamos reduzir o salário dos funcionários”, afirma. “Entramos nessa crise com volume de caixa muito bom. Muitas pessoas diziam que deveríamos distribuir mais dividendos, mas sempre pensamos na perenidade. É exatamente por isso que hoje podemos ajudar a cadeira de serviços, com adiantamentos e renegociações, e os nossos clientes”, diz.


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