Mais uma perda no governo deve ser anunciada nesta segunda-feira, 29. O presidente Jair Bolsonaro deve confirmar a exoneração de José Levi do cargo de Advogado-Geral da União (AGU). Levi entregou uma carta de demissão ao presidente nesta segunda.
A queda vem logo após Levi ter se recusado a assinar uma ação direta de inconstitucionalidade apresentada por Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar impedir o toque de recolher decretado por governadores de três estados. Como a AGU não assinou o documento, que foi bancado apenas por Bolsonaro, a ação não foi analisada pela Corte.
O principal cotado para assumir o lugar de Levi é o ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça. Ex-AGU, ele reassumiria o posto do qual saiu em 2020. Mendonça deixou a cadeira na AGU em abril de 2020, para entrar no lugar de Sergio Moro no Ministério da Justiça, e foi substituído por Levi.
Antes de ter sido empossado advogado-geral da União, Levi foi procurador-geral da Fazenda Nacional, entre janeiro de 2019 e abril de 2020, e secretário executivo do Ministério da Justiça. Com a saída dele e a possível entrada de Mendonça, abre uma vaga no Ministério da Justiça, já visado pelo Centrão.
Um dos nomes cotados para assumir a pasta é o delegado da Polícia Federal (PF) Anderson Torres, que hoje é secretário estadual de Segurança do Distrito Federal.
A demissão de Levi é a terceira baixa confirmada no governo apenas nesta segunda-feira. Mais cedo, o então chanceler Ernesto Araújo e o então ministro da Defesa, Fernando Azevedo Silva, pediram demissão, em um pontapé inicial para a minirreforma ministerial” do governo Bolsonaro. As alterações na AGU e nos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores devem ser publicadas ainda nesta segunda-feira, em edição extra do Diário Oficial da União.
Outras baixas
Fernando Azevedo Silva pediu demissão na tarde desta segunda-feira e, em nota, agradeceu ao presidente Bolsonaro pela oportunidade de ter sido ministro e diz que preservou as Forças Armadas como instituições de Estado. Ex-chefe do Estado-Maior do Exército e comandante da Brigada Paraquedista antes de ir para a reserva, Azevedo estava à frente do Ministério da Defesa desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019.
Azevedo foi indicado para o cargo em novembro de 2018, depois que o presidente optou por nomear o também general Augusto Heleno — que estava cotado para assumir o ministério — para o comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O atual ministro da Casa Civil, general Walter Souza Braga Netto, pode substituir Azevedo na Defesa.
Ele foi o segundo ministro do governo Bolsonaro a pedir demissão nesta segunda-feira. Pela manhã, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, havia pedido demissão do cargo. A saída do chanceler representou uma vitória do Centrão, que vinha pressionando o Palácio do Planalto nesse sentido.
Entre os nomes cotados para substituir Araújo, estão o do embaixador do Brasil na Índia, André Corrêa do Lago; do embaixador do Brasil em Washington, nos Estados Unidos, Nestor Foster; do embaixador em Paris, França, Luiz Fernando Serra; da cônsul-geral do Brasil em Nova York, Maria Nazareth Farani Azevêdo; e de Flávio Rocha, chefe da Secom e da Secretaria de Assuntos Estratégicos.