Bolsa bate recorde: hora de vender ou ainda dá tempo de entrar?

São Paulo – O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, bateu seu terceiro recorde seguido nesta quarta-feira (23), depois de ter passado dos 107 mil pontos pela primeira vez em sua história no início da semana. Uma das regras de bolso dos investimentos em ações diz para “comprar na baixa e vender na alta”, ou seja, evitar comprar ativos muito caros que vão perder valor e te fazer perder dinheiro depois.

Ainda assim, o consenso entre analistas é de que, mesmo testando novos picos, a bolsa ainda tem espaço para crescer, e mesmo quem já perdeu as supervalorizações dos últimos anos ainda está em tempo de entrar e ter lucros. Isto, é claro, sem perder de vista que nada na renda variável é certo e que os investimentos podem oscilar bastante entre os ganhos e as perdas.

“Para quem não está na bolsa, ainda vale entrar, e quem já está e tem um horizonte de investimento de médio ou longo prazo não deve sair”, afirma o analista da Terra Investimentos Régis Chinchila.

Os investidores mais experientes e mais arrojados, de acordo com ele, e que já tiveram bons ganhos com a bolsa até aqui, podem aproveitar os picos de agora para vender parte do que têm e embolsar o lucro. Eles podem recomprar novas ações em alguma janela de queda mais à frente, o que é uma maneira de turbinar os ganhos.

“Mas é uma estratégia que só vale para alguém que visa mais o lucro de curto prazo e que acompanha o dia a dia do mercado, porque quem sair agora pode perder o barco e não conseguir voltar depois”, disse Chinchila, em referência à possiblidade nunca descartada de os preços seguirem subindo e ficar ainda mais caro para comprar ações mais tarde.

A projeção da Terra é de que o Ibovespa tem fôlego para chegar à faixa dos 115 mil aos 120 mil pontos ainda este ano, o que seria um aumento de 7% a 12% nos poucos mais de dois meses até 2019 acabar. Até o final de 2020, de acordo com Chinchila, há potencial para que o Ibovespa chegue aos 140 mil pontos.

“A pergunta não deveria ser se devo entrar na bolsa, mas, sim, quanto de bolsa devo ter nos meus investimentos”, disse Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos. “Todos os investidores deveriam ter um percentual mínimo dos seus investimentos em ações, nem que seja 2% ou 3% do total, e isso é ainda mais verdade agora com a perspectiva de juros baixos por um bom tempo.”

Por trás do otimismo, está a iminente promulgação da reforma da Previdência e o debate em andamento de outras reformas estruturais, como a tributária, que racionalizam os gastos públicos. É a redução dos juros, entretanto, que sustenta o tom de quase certeza de crescimento para a bolsa de valores nos meses à frente. A Selic, taxa básica de juros da economia, saiu de 14,25% ao ano em 2016 para 5,5% atualmente, o menor nível de sua história, e as projeções são de que siga caindo até 5% ou 4% entre este e o próximo ano.

Juros baixos fazem os rendimentos de renda fixa, como poupança e Tesouro Direto, também caírem. Isso faz com que os investidores, desde os pequenos até os gigantes, comecem a buscar outras alternativas, incluindo ações, e esse aumento no dinheiro redirecionado para a bolsa já faz com que as ações se valorizem.

Que ações comprar?

As empresas dos setores ligados a comércio e serviços estão entre as mais indicadas pelas corretoras para aproveitar a onda de valorização, conforme a economia do país e o consumo também ensaiam sua recuperação. “São empresas mais ligadas à economia brasileira; lá fora, a coisa não está tão boa”, disse Salomão, da Rico, mencionando a tendência de desaceleração econômica em especial na Europa e Estados Unidos. “No Brasil, o que pode acontecer é demorar um pouco mais para crescer, mas o risco de recessão está descartado.”

Nesta linha, Magazine Luiza, CVC e B3, dona da bolsa de valores e que deve ganhar com essa movimentação toda, são algumas das companhias que estão nas carteiras recomendadas da Rico.

O dólar mais caro também ajuda empresas exportadoras. “Isso favorece empresas exportadoras de commodities, como a Petrobras, Vale, as siderúrgicas e os frigoríficos”, disse Chinchila, da Terra.

Fundos e ETFs são alternativa para iniciantes

Para o investidor iniciante, que sempre ficou na poupança ou em opções básicas e vai entrar na bolsa pela primeira vez, uma opção é investir em fundos de investimentos que aplicam em ações. Eles são formados por uma cesta variada de ações e são geridos por profissionais dos bancos e gestoras, que estão sempre observando as melhores e piores empresas e atualizando a composição do portfólio.

Outra opção são as ETFs, que são também uma espécie de fundo que replica as ações que compõem o Ibovespa ou outros índices da bolsa, como o de small caps, como são chamadas as empresas de menor porte. Os fundos podem ser adquiridos nos bancos e corretoras e as ETFs são listadas diretamente na bolsa, e são compradas como ações.

A lista completa de ETFs, bem como os códigos para compra-las na bolsa, pode ser vista na página da B3. O SMALL11 (que acompanha as small caps), e o BOVA11 (que acompanha o Ibovespa), estão entre os mais indicados pelos analistas atualmente.

Tanto os fundos de investimento quanto as ETFs, entretanto, possuem uma taxa de administração, geralmente de 0,3% a 2% do valor investido, e que varia de acordo com o banco. Os investimentos iniciais podem variar de 100 reais até mais de 10.000 reais.

“Os fundos e as ETFs são boas opções para quem tem pouco dinheiro para investir, como 5.000 reais ou 10.000 reais”, diz Salomão, da Rico. “Com pouco, fica mais difícil ter uma certeira diversificada, e esses fundos já investem em várias ações ao mesmo tempo.”

Outra dica para quem está inseguro é comprar ações aos poucos e trabalhar com o conceito de preço médio, muito usado pelos investidores: se você compra, por exemplo, 10 ações da Petrobras a 25 reais, e depois mais 10 ações a 28 reais, o que importa para os seus rendimentos é o preço médio das suas compras. Neste caso, você teria comprado 20 ações da Petrobras por um total de 530 reais, o que dá um preço médio de compra de 26,50 reais.

“É como quem vai viajar para o exterior e compra dólar aos poucos”, disse Chinchila, da Terra. “Como você não sabe se o dólar vai subir ou descer até viajar, você vai comprando devagar e forma um preço médio. Com ações pode ser igual, dá para ir testando os preços.”

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