Design é sobre colaboração e ponto

Poderia parar por aqui, soltar a afirmação do título no ar, deixá-la encontrar apoiadores e críticos, questionamentos. Mas é importante ir além, por tudo o que essa afirmação encerra em si e fora de si, ao encontrar as realidades e os contextos aos quais a aplicamos.

Um desses contextos é a nossa experiência coletiva como civilização. Acima de tudo, ela é composta pela relação entre experiências individuais. E a escolha de como operamos essa relação pode determinar o tipo de civilização que somos: multiplicamos para ser uma civilização plural, múltipla, inclusivista; ou dividimos, e insistimos nos equívocos que nos apartam, nos distanciam, nos torna uma sociedade exclusivista?

O caminho do exclusivismo é o que uma parte da sociedade brasileira está escolhendo seguir. E essa escolha reduz o design a suas características meramente estéticas, também porque transforma a experiência em lugar de restrição, de impossibilidade.

O exemplo mais gritante dessa indiferença ao design e à experiência está na (falta de) acessibilidade que generalizamos em todas as cidades brasileiras, em seus espaços públicos e privados. Qualquer pessoa com deficiência é testemunha diária de que o usuário não está colocado no centro das deliberações e das decisões econômicas, políticas e sociais.

E só a escuta e a pluralidade podem nos ajudar a construir empresas, cidades, civilizações enfim, que possam nos apresentar as experiências tão diversas — e contraditórias, até — que podem ser mediadas pelo design e pela perspectiva de usabilidade na vida real, na vida tecnológica, na nossa rotina individual e na rotina mediada com outros atores sociais.

Deveria ser mais simples do que realmente é.

Por falta de escuta e por excesso de exclusivismo e competitividade, estamos perdendo a chance de acelerar novas economias e o uso de serviços e espaços de forma satisfatória por diferentes identidades e individualidades que formam a tal experiência coletiva, única pois formada a partir da pluralidade, e não conformada.

É de individualidades que precisamos, e não de individualismos e egoísmos que ajudam a estruturar e normalizar exceções mais abrangentes que as regras, minorias que são maiorias, “destinos” ditados pelo gênero, pela etnia, pelo CEP.

Precisamos das experiências passadas dessas individualidades para pensar as experiências presentes e futuras de nossa sociedade, e seguir ou retomar a construção de cidades inteligentes, que sirvam e criem oportunidades a todos.

*Melina Alves é CEO e sócia-fundadora da DUXcoworkers.



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