Dos EUA ao Brasil, países debatem como responder ao coronavírus

Numa eventual pandemia da doença, os impactos econômicos, calcula a consultoria McKinsey, podem ser severos: o mundo pode entrar em recessão em 2020

O presidente americano, Donald Trump, deve anunciar nesta terça-feira um pacote econômico para aliviar os efeitos da epidemia de coronavírus no país. Entra as medidas esperadas estão uma redução de impostos sobre a folha de pagamento, assim como medidas para fornecer liquidez pequenos negócios. Trump, bem ao seu estilo, afirmou que anunciará um pacote “dramático”.

Os Estados Unidos têm 600 vítimas confirmadas de coronavírus, numa escalada que vem levando a opinião pública a pressionar Trump. Inicialmente ele chegou a dar orientações de higiene que contrariavam as das autoridades de saúde, mas depois nomeou seu vice, Mike Pence, para cuidar pessoalmente dos esforços para conter o avanço do vírus. Pessoas próximas ao círculo íntimo de Trump, incluindo um advogado que voou com ele no avião presidencial, anunciaram quarentenas voluntárias por suspeita da doença, mas a Casa Branca afirmou que Trump não fez o teste de coronavírus.

Ontem, o presidente americano ainda criticou uma suposta histeria em relação à doença, afirmando que mais de 37.000 americanos morreram de gripe ano passado, e que o coronavírus matou 22 pessoas até agora no país. “Nada está fechado, a vida e a economia seguem”, disse.

O Reino Unido, que tem 300 casos confirmados, também anunciou que manteria suas medidas atuais, com livre circulação de pessoas e mercadorias. A vizinha Irlanda anunciou um pacote de 3 bilhões de euros contra a epidemia. Onde a vida e a economia não seguem seu rumo normal, como se sabe, é na Itália, que começa hoje uma quarentena que afeta todos os seus 60 milhões de moradores para evitar o aumento nos contágios — o país já tem mais de 9.000 doentes. O país anunciou um pacote de 50 bilhões de reais para reviver a economia. Na Arábia Saudita, epicentro de uma nova crise global, a do petróleo, o governo anunciou que vai multar moradores que não divulgam informações de saúde em até 130.000 dólares.

A consultoria McKinsey divulgou nesta segunda-feira relatório afirmando que os Estados Unidos podem se transformar no quinto epicentro de propagação do vírus, depois de China, Ásia, Europa e Oriente Médio. Cada vítima, afirma a McKinsey, contagia de 1,6 a 2,4 pessoas a seu redor, sugerindo uma rápida propagação da doença.

Numa eventual pandemia da doença, os impactos econômicos, calcula a consultoria podem ser severos: o mundo pode entrar em recessão em 2020, com o crescimento esperado para o ano caindo para algo entre -1,5% e 0,5%. As previsões iniciais, vale lembrar, eram de uma expansão perto dos 3% para este ano, segundo a OCDE. Ou seja: entre os 3% e os -1,5% mais de 4 trilhões de dólares seriam consumidos pelo coronavírus.

No Brasil, conforme revela o jornal Folha de S. Paulo, o ministério da Saúde começou a discutir com estados um plano para fechar escolas e restringir atividades. O jornal também revelou que caiu mal entre políticos imagens de Jair Bolsonaro visitando o pintor Romero Britto, ontem, na Flórida, em dia de pânico nos mercados. Ainda ontem, à GloboNews, a economista Monica De Bolle, da Universidade Johns Hopkins, propôs revogar medidas como o teto de gastos e acelerar gastos contracíclicos na economia. Para ela, o foco na agenda de reformas deixa de ser prioridade num momento em que a economia brasileira pode entrar em recessão.

A continuidade na redução de juros e a liberação de compulsórios são outras medidas em discussão. Em qualquer cenário, alinhamento entre executivo e congresso é fundamental.

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