Com manifesto antirracista, Nubank quer desafiar status quo do mercado

Para Cristina Junqueira, cofundadora da fintech Nubank, a intenção da empresa no quesito diversidade sempre foi “desafiar o status quo e a inércia do sistema financeiro”. Parece até óbvio imaginar os homens de camisa social azul, em sua maioria brancos, andando pela Avenida Faria Lima, polo do mercado na cidade de São Paulo. Mas não era o que o roxinho queria. “A gente queria pensar diferente, reinventar muitas coisas. Se tívessemos apenas pessoas com as mesmas opiniões e experiências, da mesma indústria, isso não seria possível”, diz ela em entrevista à Exame.

Na tarde desta quarta-feira (10), o Nubank publicou em suas redes sociais um manifesto antirracista, relembrando os assissanatos de George Floyd, homem negro morto pela polícia americana, João Pedro Mattos, adolescente de 14 anos que foi morto pela polícia dentro de sua casa, entre outras vítimas do racismo. Em um vídeo de quase 1 minuto e 30 segundos, os Nu-Blacks (como é chamado o grupo de negros da empresa), expressaram um pouco sobre o que precisa ser mudado — de dentro para fora — para que o racismo seja foco nas conversas. “Nós sentimos muito. Mas sabemos que sentir não é o bastante”, escreveu a companhia em seu perfil no Instagram.

Apesar da atitude da empresa, Junqueira admite que estão longe do que consideram o número ideal em termos de representatividade negra. “Nao temos uma estátiscia sobre diversidade racial aqui, mas sabemos que ela é muito menor do que deveria ser”, afirma. “Racismo é um tema muito complexo e muitas vezes a gente se sente impotente nessa luta, porque é um negócio tão grande, tão sistêmico, que as empresas pensam que não vão resolver o problema sozinhas — e é claro que não vão”, continua. “Mas nós queremos ser protagonistas em relação ao papel que temos. Queremos ouvir o que a comunidade negra tem para dizer dentro de casa, a gente entende que nunca vai entender exatamente como essas pessoas vivem, e a dor delas, ou o que elas passam, mas a gente sabe que não pode se conformar com as questões estruturais e que a gente precisa contribuir para a solução”, diz.

No vídeo, a empresa também faz um mea culpa por não ter tantos funcionários negros no quadro. “Ainda estamos aprendendo como executar isso de forma consistente”, afirmaram no manifesto. “Acreditamos em um comprotimento real para mudar essa realidade. E esse é o nosso: escutar o que a comunidade negra tem a nos dizer, usar o nosso espaço para dar voz as suas palavras, e agir para fortalecê-la”, finaliza a gravação.

Ampliar a participação dos negros no quadro de funcionários não é um fator benéfico somente à sociedade. Segundo a consultoria McKinsey, empresas com diversidade étnico-racial lucram até 36% mais do que as que não têm esse perfil. Para isso, é preciso envolver os funcionários por meio de indicações, eventos e comunicação.



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