Na China, o drama já é conhecido. Em 2018, um surto da febre suína africana, doença causada por um vírus da família Asfarviridae, dizimou metade do rebanho chinês de suínos, o maior do mundo, desequilibrando o mercado global de carnes. A China ainda procura refazer seu plantel. O vírus, que atinge somente suínos e javalis, não havia sido detectado no continente americano. Na última semana, no entanto, República Dominacana confirmou centenas de casos da doença, tornando-se o primeiro país das Américas a registrar a presença da doença.
Identificado originalmente na África, há cem anos, o vírus provoca febre alta, e hemorragias que acabam levando à morte. Em média, os animais conseguem resistir até dez dias. Ainda não há cura ou vacinas. Uma vez constatada a doenaça, os suínos acabam sendo sacrificados. Como a doença se dissimina rapidamente, qualquer caso comprovado é motivo de preocupação.
A fim de averiguar o relato da presença do vírus na República Dominicana, os Estados Unidos enviaram uma equipe para realizar testes in loco com os suínos contaminados. As 389 amostras analisadas deram resultado positivo. A incidência da doença no país também foi confirmada pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
De acordo com o governo da República Dominicana, todos os casos são relativos a pequena população de porcos criados em fundo de quintal nas províncias de Sánchez Ramírez e Montecristi. Foi justamente em pequenas criações domésticas, sem cuidados estritos de higiene e manuseio dos animais, que a doença se espalhou na China.
Uma série de medidas já começaram a ser tomadas para impedir que o vírus se espalhe. A República Domicana suspendeu o transporte e venda de porcos nas províncias nas quais a doença foi identificada.
O México também revelou preocupações com a doença e decidiu reforçar uma série de medidas fitossanitárias, como a insperação rigorosa de animais nas fronteiras terrestres. Aeroportos e portos também deverão padrões mais estritos de fiscalização, assim como navios e aviões.
No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente divulgou na última sexta, 30, o Plano Integrado de Vigilância de Doenças dos Suínos, que tem como objetivo reforçar os mecanismos de detecção precoce de casos de peste suína.
“Reforçamos as recomendações para vigilância em portos e aeroportos, para assegurar que companhias aéreas e marítimas e viajantes obedeçam às proibições de ingresso de produtos que representem risco de pragas e doenças para a agropecuária”, disse Geraldo Moraes, diretor de Saúde Animal do Ministério da Agricultura. Segundo informações da pasta, os técnicos seguem em contato com as autoridades sanitárias da República Dominicana para acompanhar de perto a evolução do problema.
As entidades privadas também estão se movimentando. O Grupo Especial de Prevenção à Peste Suína Africana (GEPESA), formado por especialistas de associações ligadas à Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), convocaram reuniões para discutir as abordagens mais efetivas à prevenção do problema. Diversas medidas fitossanitárias já estão sendo reforçadas.
O Brasil é o quarto maior produtor mundial de carne suína. Em 2020, foram produzidas 4,436 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 11,4% em relação a 2019. Cerca de 1 milhão de toneladas foram exportados. Nos primeiros quatro meses do ano, a produção aumentou 25,3% em comparação ao mesmo período do ano passado, totalizando 351,8 mil toneladas, segundo a ABPA. A expectativa é encerrar o ano com um resultado recorde.
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